domingo, 14 de agosto de 2011

Capítulo 39

Aproveitem que a pieguice depois vai demorar a voltar. Thank you all *-*

O dia adivinhava-se diferente do habitual. Daniela habituara-se lindamente à sua rotina de férias que consistia em, basicamente, dormir de manhã e praia à tarde, à pala disso já se podia dar ao luxo de exibir um bronzeado aceitável em vez do seu habitual branco neve. Já para Susana nada mudara, dormia de manhã, fazia a sua vida à tarde e trabalhava de noite, mas também esta não perdia uma oportunidade que fosse para ir à praia, tendo já o seu tom moreno sido intensificado. Mas naquele dia em particular as coisas teriam de ser diferentes. A loura conseguira fazer com que lhe dessem a noite de folga.
Nem se tinham apercebido como o tempo tinha passado a correr, naquele dia fazia um ano desde que ambas tinham começado a namorar. Tudo tinha começado, de maneira muito pouco romântica e holliwoodesca, naquela casa de banho de um certo bar pouco tradicional, bar esse que já tinha levado com muito daquela relação, tantos bons momentos como maus e que continua a observa o seu desenrolar. Daniela não sabia o que fazer para comemorar aquela data, optando antes por deixar tudo nas mãos da outra e fé em Deus.
Susana, após muito puxar pela sua cabeça loura, decidiu aceitar a sugestão de Guida. Esta quis fazer uma boa acção e ajudar a amiga, portanto iria aproveitar a ocasião de ter os pais fora e deixaria a casa por conta da loura, e muita, mas muita fé em Deus. Ficara acordado que naquele dia, Guida iria para casa de Marta e que a loura levaria a morena até casa de Guida.
Daniela ainda dormia o sono dos justos, preguiçosamente, quando o som do telemóvel indicando uma chamada a fez despertar. Arrastou o braço até à mesa-de-cabeceira e atendeu, nem olhando para o remetente da chamada, ''Hm?”
“AMOR, ACORDAAAAAA, QUERO PASSAR O DIA TODO CONTIGO”, gritou Susana, histérica e demasiado animada para aquela hora da manhã, “Quero que venhas almoçar a casa da minha avó comigo e com ela”
Daniela nem tivera tempo de responder, a outra já desligara a chamada. Com um resmungo levantou-se, prosseguindo a ir tomar banho e a despachar-se, antes de seguir para casa da outra. Tivera o cuidado de se vestir, ao mesmo tempo que bem, algo que pudesse tirar facilmente, pois a loura já lhe estragara muita roupa com a sua impaciência. Tirou a chave do portão de casa da namorada e abriu-o, nunca cessando de se surpreender com o aspecto degradado da pintura deste. Abriu a porta de casa, igualmente, deparando-se com a loura mesmo diante de si, assustando-a.
“Bom dia coisa mais linda de todo o universoooo!” disse Susana, com a voz mais lamechas do mundo, agarrando a namorada pela cintura, levantando-a e rodando-a até ficarem ambas tontas e se deixarem cair no chão, beijando-se.
A rapariga, deixou-se beijar, ainda a ver tudo a andar à roda. Assim que se recompôs, levou as costas d mão à cara, fazendo uma expressão de nojo exagerada, "Bom dia minha piegas de merda, lambuzaste-me toda, isso era tudo saudades?"
''Achas? Nem dá para ter saudades tuas'', replicou Susana, piscando-lhe o olho. Levantou-se rapidamente e ajudou Daniela a levantar-se também. Entraram na cozinha da loura de mão dada e ambas com um enorme sorriso idêntico nos lábios, fazendo a avó deliciar-se com a visão. O almoço não demoraria a estar pronto. Susana tinha-se lembrado do quanto a morena adorava comida indiana, então ela e a avó tinham andado a percorrer os livros de receitas até que finalmente tinham encontrado um prato indiano, para tentar agradar a Daniela. Se tivesse corrido nos conformes, então aquele prato iria ser do agrado de todas.
Daniela sorriu ao sentir o aroma carregado de especiarias na cozinha, mas o sorriso só cresceu ao ver o esforço que tanto a namorada como a avó tinham feito para lhe agradarem. Cumprimentou a senhora idosa afectuosamente, virando-se para beijar Susana de novo, "Amo-tee!"
A loura parou o beijo algum tempo depois, fazendo o sorriso que mostravam as covinhas que nunca deixariam de deliciar Daniela, e dizendo, ''quem é a piegas agora?!'', resultando em risada geral na cozinha. Todas se riram, até a avó voltar a ter outro ataque bem forte de tosse, que arrefeceu um pouco os ânimos.
A idosa trocou um olhar alarmado com a rapariga, que passou despercebido à neta. Não querendo estragar mais o ambiente, a avó convidou-as a sentarem-se. A loura puxou a cadeira para que a morena se sentasse, antes de se sentar ela própria também. Depois serviu uma dose a cada uma, antes de se enterrar em comida. O olhar que a rapariga e a avó trocaram desta vez foi enternecido.
Assim que Daniela pôs o garfo na boca, deliciou-se instantaneamente, sabia que a idosa sempre fizera bons cozinhados, mas aquele estava sem dúvida soberbo. Conversaram durante o almoço, falando abertamente, com a boa disposição que lhes era característico, embora a outra estivesse sempre a interromper a conversa para se empanturrar. Pouco tempo depois, Daniela e Susana ajudaram a idosa a tirar a pouca comida que tinha sobrado e encarregaram-se prontamente de lavar a loiça, enquanto a avó descansava.
A senhora começou a sentir-se sonolenta, até que decidiu ir-se deitar, deixando as raparigas sozinhas. A morena pediu à outra que tocasse um bocadinho viola para ela, já tinha saudades de a ouvir. A loura acedeu prontamente ao pedido, trazendo o instrumento com elas para o jardim, sentando-se ambas no banco.
''Amor, podes informar os teus pais que hoje não dormes em casa? Tenho uma surpresa'', perguntou a outra, enquanto continuava com os seus acordes, tocando uma música acústica que sabia que a rapariga adorava.
"Ui...não me podes adiantar o que tens em mente?", perguntou a morena, recostando-se no banco, à medida que deixava que os calmos acordes a tranquilizassem. Era nestas e noutras alturas que se dava por muito feliz dos múltiplos talentos que Susana tinha com as mãos.
''Claro que não, é surpresa, já que tu não mas fazes, faço-te eu'', provocou a loura, deitando-lhe a língua de fora.
"Odeio-te", resmungou a rapariga, aproveitando o gesto de Susana para a beijar.
''Eu também te amo, Dani'', respondeu a outra, dando-lhe um beijo completamente apaixonado.
Susana continuou a tocar, ocasionalmente trocando uns mimos com Daniela. Às tantas a viola foi pousada ao lado e a loura deitou a cabeça no colo da rapariga, para que esta lhe afagasse os cabelos. O tempo foi voando e quando ambas deram por isso já tinham passado algumas horas e estava na altura da outra mostrar a surpresa à rapariga, cuja curiosidade atingira níveis elevados.
Despediram-se da avó e seguiram de mota até casa de Guida, sem Daniela saber onde se encontrava, pois não conhecia o bairro. Tanto quanto podia observar, estavam numa zona no mínimo imensamente abastada. Susana colocou-lhe uma venda diante dos olhos, procedendo a encaminhá-la.
"A venda é mesmo necessária?", perguntou a morena, usando toda a sua concentração para não tropeçar em nada, enquanto a loura a dirigia, num passo seguro. A outra limitou-se a rir e a dizer-lhe para ter paciência, até que, após percorrem uma longa distância que ia desde o gradeamento no portão até à porta, chegaram. Tirou-lhe a venda dos olhos e deixou-a ver o que tinha planeado.
Guida tinha feito um bom trabalho: deixara champanhe e copos altos no balcão da cozinha; havia deixado algumas pétalas de rosas espalhadas pelo chão, da cor que sabia ser a preferida de Susana; algumas velas já acesas e um ramo de lírios brancos, a flor preferida de Daniela. Decididamente que tinha feito um bom trabalho, todos eles eram perfeitos.
Daniela sorriu ao ver tudo feito na perfeição, virou-se para Susana e beijou-a, apaixonadamente, antes de parar o beijo e dizer, "Eu devia era amar a Guida, mas pronto, tu serves"
''Aposto que a Marta a ajudou, ela não tem jeito nenhum para estas coisas'', rindo-se depois. Lembrando-se que tinha sido uma aposta com a melhor amiga que tinha tornado tudo aquilo possível, riu-se ainda mais. Foi a melhor aposta ganha de sempre, tanto para si, como para Guida.
"Pétalas de rosa e paneleiradas dessas só podiam ser ideia da Marta, mas não me queixo", replicou a morena, "Estás-te a rir de quê, ursa?"
''Não digas isso, pelo que sei é uma boa amiga e até é gira, vocês não chegaram a curtir até?”, picou Susana, perfeitamente informada sobre o historial da namorada, “ Eu? Lembrei-me de umas coisas, nada que interesse neste momento''
"Não fales muito que eu não tenho a certeza se tu e a Guida...", provocou Daniela, antes de voltar a beijar a loura.
''Eu e a Guida?”, espantou-se a outra, interrompendo o beijo para olhar para a rapariga, “Ela era a pessoa mais hetero que conhecia até a aposta comigo, e ter encontrado a Marta''
"Qual aposta?", pergunta Daniela de repente, parando o beijo que a outra voltara a iniciar.
''UPS!'', exclamou a loura, repreendendo-se mentalmente, “Já fiz merda”
"Não gostava que tivéssemos segredos mas se quiseres manter isso privado estás no teu direito", respondeu Daniela. Racionalidade sobre emocionalidade, embora a curiosidade aguçasse e muito.
''Acho que posso contar…a Guida apostou comigo que eu não conseguia curtir contigo, eu apostei que sim, em troca, se eu ganhasse, ela teria que curtir com uma rapariga'', acabou por desabar Susana ''Desculpa não te ter dito nada antes''
Daniela ficou a ponderar o assunto por um bocado, não se sentindo minimamente incomodada, quanto muito divertida, até que falou, "Oh...se não tivesses feito essa aposta eu provavelmente teria ficado com alguma tipo a camionista..."
''E eu estaria solteira, desapontada com o sexo e não teria a mulher da minha vida comigo'', regozijou-se a loura. De seguida beijou Daniela, segurando-a e transportando-a até à cama com alguns acidentes pelo caminho em algumas paredes. O clima já se adivinhava a aquecer, quando o estômago da outra se fez ouvir…ruidosamente, fazendo a morena rir e a loura resmungar, embaraçada. Qualquer clima romântico arrefeceu.
Daniela não tinha fome pois tinha comido bem ao almoço, mas Susana já estava completamente esfomeada. A rapariga não se importava de acompanhar a loura, talvez petiscasse qualquer coisa. Saíram da cama, com a morena ainda a rir e a outra de trombas e dirigiram-se à cozinha, onde Susana se deparou com umas sandes em cima da mesa. Guida pensara em tudo. Junto a estas estava um bilhete que dizia "Sexo na minha cama não, Guida"
''Ai o caralho, esta gaja disse que a casa era minha hoje, portanto é minha e eu faço sexo onde quiser'', disse Susana, decidindo naquele mesmo momento que era para a cama da amiga que iria, embora a ideia do que quer que pudesse ter acontecido por lá a arrepiasse.
Rapidamente pôs de parte esses pensamentos, batendo-se com uma sandes. Apenas uma não a saciara. Olhou para Daniela com um sorriso rasgado. Esta, com um revirar de olhos, percebeu a ideia e deu-lhe o resto da sua. Depois, decidiram abrir a garrafa de champanhe, com outra nota, ''Não bebas tudo que foi caro'' o que as fez rirem. Daniela serviu a bebida nos dois copos que se encontravam na bancada da cozinha, oferecendo um à loura e ficando com o outro para si.
Fizeram um brinde rápido a elas, antes de se rirem, bem-dispostas. Daniela acabou o primeiro copo com calma, ao mesmo tempo que Susana engolia o terceiro. A rapariga tirou-lhe o copo da mão, pousando-o na bancada. A loura encaminhou-as para o jacuzzi decorado com pedra e com forma de cascata que Guida tinha junto à piscina que já borbulhava com a água quente. A outra pensou, feliz, em como aquele aniversário estava a ser o melhor que já tivera. Mónica sempre agira como se não tivesse paciência para ela.
Daniela não perdeu tempo em despir-se, acordando Susana do mundo da Lua. Assim que estava pronta a entrar na água, puxou a outra pela mão, fazendo esta despertar para a realidade. A loura arrancou a própria roupa à pressa, entrando também na água. Depois de entrarem dentro do jacuzzi, a morena encostou-se ao corpo de Susana, que parecia mais claro dentro de água. Por sua vez, a loura, deliciava-se com o corpo da namorada, sempre gostara dele.
“Daniela?”, chamou a outra, fazendo a namorada olhar para ela, “Amo-te”
“Também”, respondeu Daniela, sorrindo enternecida. Susana pegou-lhe na face, por baixo do queixo, beijando-a, com todo o sentimento que nutria pela namorada. Esta correspondeu prontamente, deixando que a loura a sentasse no seu colo.
Daniela, agora no colo de Susana, encostou a cabeça ao ombro desta, deixando que lhe pusesse os braços em volta do corpo. Não proferiram uma única palavra durante uns tempos, não era necessário, limitaram-se só a desfrutar de cada segundo passado na presença uma da outra, até que a loura quebrou o silêncio.
''Como as coisas mudam, eu achava que tinha encontrado a mulher da minha vida, mas agora sei que a mulher perfeita para mim és tu'', disse Susana completamente enternecida, deixando escapar as palavras num sussurro.
Daniela arrepiou-se um pouco devido à emotividade com que a loura proferiu aquelas palavras e disse ''Oh piegas está calada'', beijando-a de seguida, “Sabe-se que alguém é a tal a partir do momento em que esse alguém manda a minha mãe fazer pouco barulho depois de ela nos apanhar na cama”
“Foi sem querer!”, apressou-se a loura a desculpar-se, pela enésima vez, “Eu ainda estava a dormir e a tua mãe fala muito alto!”
Daniela riu-se, não tanto como quando viu o beicinho que a mãe fez. Tinha valido a pena os momentos constrangedores que se seguiram, logo após a mãe ter atirado com um sapato a uma Susana nua, a vestir-se à pressa. Tentando não arruinar o momento, beijou a loura. A outra prolongou o beijo, acariciando a perna da rapariga. Esta colocou-lhe os braços em torno do pescoço, desejosa de aumentar o contacto. Susana sabia o que Daniela queria e não a ia fazer esperar mais. Aproximou-se dela, beijando cada centímetro de pele que estava a descoberto, enquanto o resto estava debaixo de água. Ergueu-a um pouco mais, para conseguir chegar-lhe ao peito, causando outro arrepio por parte da morena.
Daniela saiu do colo da loura, colocando-se de modo a ficar de costas para a parede do jacuzzi, virada para Susana, ainda com os braços no pescoço desta, facilitando assim a sua tarefa. Arqueou as costas, ao sentir a outra a agarrá-la pelas ancas, continuando a beijá-la.
Todos aqueles toques e encostos, beijos e mordidelas levaram a algo de verdadeiramente óptimo para ambas, consagrando-se, aquele, o ponto mais alto da noite.

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