Cedendo à nova exigência de Pedro, Daniela organizou na perfeição os planos para a ida ao Algarve. A inicio, quando os pais a informaram de que tinha o apartamento à sua disposição, o seu primeiro impulso foi convidar o melhor amigo, o que a deixou num impasse porque se lembrou de Susana. Mas uma coincidência feliz permitiu-lhe não abdicar da companhia do rapaz, afinal este iria de uma maneira ou de outra, com a família. Além disso, Pedro queria muito conhecer a loura, para horror da morena. A primeira e última pessoa que tinha apresentado ao rapaz havia sido Tomás, que tinha sido muito do agrado de Pedro.
Era, portanto, a oportunidade perfeita para os apresentar. Embora soubesse, à partida, que a loura estaria na sombra de Tomás, tinha esperança que se dessem bem. Tendo isto em mente, estacionou o carro num local próximo do apartamento e, com um suspiro enfastiado disse, “Já chegámos, finalmente”
Saíram do carro e Susana propôs que, depois de se instalarem e de descansarem um pouco, fossem dar um mergulho à piscina. Depois de se acomodarem, a morena fez o almoço e permitiu que a outra se sentasse no sofá entretanto. Para si, a rapariga pensou no quanto o facto de cozinhar para alguém que não iria servir de grande ajuda em lides domésticas e se encontrava sentado, a enervava, visto que era a favor da repartição de tarefas. Mas como a loura não estava ainda em condições de fazer grandes esforços, abriu uma excepção. Até porque sabia o quanto esta detestava não puder ajudar. Colocou o prato no colo da outra e aninhou-se no sofá junto a esta.
Logo após terem despachado a refeição, Daniela encostou-se ao peito de Susana, enquanto esta lhe colocou a mão na cintura e lhe foi desenhando círculos inexistentes na pele. Às tantas, a loura, com a outra mão, segurou o queixo da rapariga e, após tê-la olhado nos olhos afectuosamente, beijou-a. Beijo esse que não era mais que um encostar de lábios a início mas que depressa se intensificou, encontrando-se já a morena a deitar a outra por baixo de si. Depois de se ajustar de modo a não magoar a loura com o seu peso, a rapariga sentou-se sobre esta, voltando a beijá-la. Susana interrompeu o beijo apenas para colocar uma ponta do cabelo de Daniela por trás da orelha e para lhe murmurar “amo-te”. A morena sorriu-lhe e disse “Ich liebe dich auch, meine Suβe”, dando-lhe uns “beijinhos à esquimó”, que lhe valeram uns risinhos por parte da loura.
Ficaram onde e como estavam durante mais algum tempo, ocasionalmente trocando uma carícia ou um beijo. Limitaram-se apenas a aconchegar-se uma na outra, desfrutando da companhia uma da outra. Durante esses momentos, aproveitaram para dialogar, afinal não se conheciam há assim tanto tempo nem tão bem assim. Daniela verificou as horas no telemóvel e constatou que tinham passado cerca de três horas, o que a fez estranhar pois estava capaz de jurar que só tinha passado uma no máximo. Deu uma chapadinha muito leve na face de Susana para a acordar, esta adormecia sempre que deitava a cabeça no colo da rapariga enquanto esta lhe afagava o cabelo.
“Acorda Suse”, sussurrou a morena, dando-lhe um beijinho no pescoço, “Não querias ir à piscina?”
A loura abriu os olhos muito a custo, murmurando qualquer coisa incompreensível. Devagar, levantou-se, apoiada na rapariga, encaminhando-se até ao quarto. Daniela baixou o olhar enquanto Susana se vestia, ainda não se tinha habituado aos efeitos que o corpo da outra lhe provocava…Quando esta estava pronta observou, enternecida, o rubor que tinha surgido na face da rapariga, mas não a picou desta vez. Depois de estarem prontas dirigiram-se à piscina por fim. A morena sentiu-se perfeitamente à vontade, visto que ali não conhecia ninguém, por isso não se fez rogada em dar a mão à outra depois de se atrever a beijá-la em público, que pareceu satisfeita pela nova desinibição da rapariga.
Ao chegarem à piscina, colocaram as coisas junto às respectivas cadeiras, e dirigiram-se para a água. Apesar de estar um dia de calor, Daniela era friorenta, por isso preferiu entrar na água com um mergulho. Já Susana não se podia dar ao luxo de fazer o mesmo, sentando-se antes na borda da piscina. A rapariga nadou até à borda, ficando nesta com a cabeça deitada sobre os braços cruzados, junto à loura, enquanto esperava que esta se decidisse a mergulhar. Quando a outra finalmente o fez, a morena juntou-se a ela.
Para desconforto de Susana, aqueles momentos eram, para si, dejá vu daqueles que partilhara com Mónica. Não tendo grande margem de opção, a loura preferiu distrair-se com Daniela e ignorar a sensação gélida que se fazia sentir no seu peito. E assim a tarde na piscina passou, com ambas simplesmente a brincarem. A temperatura começou a arrefecer, o que fez com que ambas tivessem que ir embora, após terem estado um pouco na toalha. Voltaram para o apartamento, decidindo tomar um banho antes do jantar.
“Queres ser tu a tomar primeiro enquanto eu faço o jantar?”, perguntou Daniela.
Susana sorriu de modo travesso. Não foi preciso verbalizar aquilo em que estava a pensar para que a rapariga percebesse a ideia, “Nem penses…”
“Ai penso sim”, retorquiu a outra, ainda a sorrir mais ao ver a face da morena a ficar escarlate, “Até parece que nunca te vi nua antes”
Daniela resmungou mas não retaliou quando a loura a puxou para a casa de banho. Com um arrepio de antecipação, preparou-se para ver a outra começar a tirar a camisola. Desde sempre que tinha sido tímida e era, sem comparação, a menos experiente na relação, mas desta vez queria provar a si própria que era bem capaz de tomar a iniciativa e surpreender a outra.
“Espera, eu faço isso”, disse a morena, aproximando-se de Susana e colocando-lhe as mãos em torno da cintura para lhe tirar a camisola. A loura pareceu contente pela iniciativa da namorada e ajeitou-se de modo a facilitar-lhe a tarefa. Quando a outra ainda tinha os braços no ar e as mãos presas pela camisola, a rapariga beijou-a. Susana apressou-se a corresponder, atirando a camisola para o chão e pondo as mãos na cintura de Daniela, puxando-a mais para si. A rapariga desistiu de despir a loura por um momento e colocou-lhe os braços em torno do pescoço, enquanto as mãos da outra lhe exploravam o corpo. Quando voltaram à cintura, foi a vez de Susana lhe tirar a camisola e de Daniela lhe desfazer o nó que lhe segurava as calças largas de pano, que lhe caíram em volta dos tornozelos.
A loura não se fez rogada em lhe desapertar o botão dos calções, removendo-os. Quando chegou a parte da roupa interior, Susana não teve o menor problema em tirar a da morena, fazendo-o, embora com a maior das naturalidades, mantendo sempre um contacto visual intenso. Quando foi a rapariga a fazer o mesmo, esta pareceu um pouco hesitante, embora o tivesse feito sem complicações. Mas após estarem ambas integralmente nuas, Daniela pegou na mão da loura e puxou-a para debaixo do chuveiro. Apesar da desinibição que sentia, não pôde senão sentir-se surpreendida perante as acções da outra, que a comprimiu entre a parede fria e o seu corpo quente.
Susana começou a beijar-lhe o pescoço, não o mordendo, o que fez cócegas a Daniela. Sorriu-lhe ao ter levantado a cabeça para a olhar nos olhos. A maneira como esta estava encostada à parede com o cabelo molhado e as pequenas gotículas de água a escorrerem-lhe pela face era-lhe dolorosa, mas naquele momento a loura sentia-se demasiado bem com a pessoa com quem estava para se importar. A morena mordiscou-lhe ao de leve a parte debaixo da orelha, algo que sabia que a outra apreciava. Mesmo sabendo que Susana havia recuperado a confiança, Daniela não pôde deixar de arregalar os olhos ao que a outra fez a seguir.
Susana colocou o joelho entre as pernas da morena, fazendo alguma pressão. Daniela ficou sem fôlego por uns instantes, mas recuperou depressa e roçou-se sobre este, de modo a criar fricção. Sempre tinha sido uma das actividades que mais prazer lhe dava, estava a ficar com a respiração ofegante, não demorando nada a ficar em êxtase. A loura apercebeu-se disso e retirou o joelho, substituindo-o pela mão. Ainda receosa pela dor que sentira da última vez, a rapariga segurou-lhe a mão.
“Não te vou magoar, prometo”, disse Susana, beijando Daniela, de modo a confortá-la, “Confia em mim”
A morena largou-lhe a mão e deu-lhe permissão. A outra começou por fora, fazendo-lhe movimentos circulares. A rapariga colocou a cara no ombro da loura e mordeu-lhe o ombro. Pouco tempo depois, Susana finalmente meteu um dedo, tencionando avaliar a reacção de Daniela. Esta não pareceu estar com dores, por isso, a outra colocou outro, tentando uma abordagem mais violenta. A rapariga fechou os olhos e segurou-se aos ombros de Susana, desta vez só tinha tido um ligeiro desconforto inicial mas rapidamente estava a ter tanto, senão mais prazer do que quando se roçara.
Abriu os olhos apenas para ver o olhar da loura directamente fixado no seu. Enquanto a sensação de prazer aumentava, a morena não conseguiu desviar o olhar do da outra, que por sua vez parecia determinada em não perder uma única expressão de prazer da rapariga, que lhe colocou uma perna em torno do corpo. Pouco depois, quando a morena finalmente atingiu o clímax, a outra segurou-a num abraço apertado.
“Suse…”, suspirou Daniela, com as pernas a tremerem, quase caindo se não fosse a outra a segurá-la, “Amo-te”
Susana beijou-a ternamente e permitiu que ambas terminassem o duche normalmente. Durante esse tempo, a rapariga reparou que a outra mantivera as pernas sempre juntas. Quando a questionou sobre isso, a resposta deu-lhe imensa vontade de rir, vontade essa que abafou a todo o custo.
“Estou bem…estou só um bocadinho coiso por causa do que acabámos de fazer”, admitiu Susana, rindo-se, “Se quiseres podes ir fazendo o jantar enquanto eu…”
“…enquanto tu?”, picou a morena. Tinha percebido e bem, mas adoraria ouvir a loura dizer.
“Não acredito que me vais obrigar a dizer…”, disse a outra, ainda a rir-se, “…Enquanto eu resolvo isto aqui”
Ao ouvir isso a rapariga não conseguiu conter o riso, riu-se ainda um bom bocado até que se acalmou e falou com a maior das seriedades, “Posso ajudar-te com isso, se quiseres”
Ao ouvir isto, os olhos da loura brilharam, “Estás a falar a sério?”
“Quer dizer, não sei se consigo, mas posso tentar…da outra vez não retribuí o favor”, murmurou Daniela, corando um pouco.
“Não tens que fazer nada que não queiras”, assegurou Susana, abraçando a namorada.
“A sério, eu quero”, assegurou a morena. Daniela pegou na mão de Susana e encaminhou-as para a cama, empurrando esta para lá e sentando-se sobre esta.
Beijou-a intensamente, antes de executar o que tinha em mente. Naquele momento arrependeu-se amargamente de não ter aceite a exemplificação de Marta, quer fosse a sério quer não. Ia ter que improvisar tudo, nem se lembrava de como a loura tinha feito. Quando a loura abriu as pernas Daniela pôde ver em primeira mão porque é que a outra estava a manter as pernas juntas.
Começou com calma, apenas para se habituar. Afinal não se tratava de algo que sempre se imaginara a fazer, embora não fosse tão desagradável como pensava. A loura estremeceu e pediu-lhe que se apressasse, não queria, precisava daquilo. A morena decidiu não a fazer esperar mais, sendo o mais delicada possível. Pouco depois, quase que por instinto, os movimentos saiam-lhe com naturalidade. E o facto de a outra lhe ter agarrado o cabelo e de a ter mantido presa era indicativo de que estava a ser bem sucedida. O seu súbito sucesso foi o incentivo que precisava para dar o seu melhor, de certa forma gostava do facto da loura não gemer baixo. Susana não aguentou muito tempo, gritando o nome da rapariga.
“Para primeira vez não está mesmo nada mau”, disse a outra, ainda ofegante, “Então com prática…”
“Não te ponhas com ideias”, brincou Daniela, “Agora se me dás licença, tenho que ligar aos meus pais”
Pegou no telemóvel que se encontrava na mesa-de-cabeceira, ligando à mãe. Esta atendeu pouco depois, parecia bem-disposta.
“Sim mãe, está tudo…”, estava a rapariga a dizer quando Susana aparece mesmo à sua frente, com um sorriso enorme, assustando-a, “…bem”
“Olá sogra!”, cumprimentou ela, um tanto em voz alta, sempre a rir. A morena viu a vida a passar-lhe em frente dos olhos e apressou-se a calar a loura com um caldo.
“Sim, está tudo bem, tenho é que ir jantar. Até amanhã, beijinhos”, despediu-se a rapariga, olhando para a outra com um ar ameaçador. Mal desligou, voltou-se para esta, “Tu estás parva?!”
“Calma, estava só a brincar um bocadinho…”, disse Susana. Não pensou que a morena fosse levar tão a mal.
Daniela nem respondeu, deixou Susana e dirigiu-se à cozinha para despachar qualquer coisa para jantar. Qualquer coisa e diria à mãe que tinha sido na brincadeira, mas detestaria dar a entender que se passava algo e o tom com que a mãe repetiu a pergunta não a deixou tranquila. Até porque a mãe pensava que esta estava com outra amiga que não Susana. De modo a puder ir tivera que a enganar, algo que não a deixava em paz consigo própria. Pouco depois a loura veio ter consigo, com o seu ar de cachorrinho abandonado. Colocou os braços à volta da cintura da rapariga, apoiando a cabeça no ombro desta.
“Estava só a meter-me contigo”, disse Susana, beijando o pescoço de Daniela, “Não te queria deixar chateada”
A rapariga beijou a bochecha da loura antes dizer, “Não estou chateada, mas não quero dar a entender nada à minha mãe e ela ficou desconfiada”
“Já era para te falar sobre isso há algum tempo”, prosseguiu a outra, apertando a morena nos seus braços, “Não estás a pensar contar-lhe?”
Nesse momento Daniela soltou-se do abraço da namorada e olhou para esta como se tivesse duas cabeças. Com um suspiro Susana limitou-se a dizer “Isso responde à minha pergunta…”
“Eles não aceitariam…”, sussurrou a rapariga, quase sem voz. A verdade é que não tinha posto ainda essa hipótese e se apresentasse uma namorada aos pais, no mínimo seria castrada.
“Só tinham era que aceitar, o importante é a tua felicidade”, reconfortou-a a loura, abraçando a rapariga.
A morena agarrou-se mais à outra, procurando conforto nos braços desta. Susana aconchegou-a melhor junto a si e beijou-lhe a testa, dizendo, “Gostava que lhes contasses…”
Daniela olhou para a loura, desta vez sem expressões de horror. Sabia que a outra ainda não tinha acabado de falar, apenas estava a tentar explicar-se, por isso deixou-a prosseguir.
“Sabes, a Mónica sempre fez os possíveis para manter a nossa relação em segredo…”, contou Susana, ainda com a cara encostada ao cabelo da rapariga, “Só dois amigos meus é que sabiam, para além da minha avó. Ela nem me deixava estar com os amigos dela e no fim ainda me fez passar por mentirosa”
“Susana…”, murmurou Daniela, olhando para esta directamente, “Não merecias mesmo ter passado por isso…”
“Se ambas estamos empenhadas na relação não temos motivos para namorarmos às escondidas”, continuou a outra, mantendo a morena agarrada pela cintura, “Não tenhas vergonha de nós…”
“Não tenho vergonha de nós…sabes que neste momento não te trocava por nada nem ninguém”, disse a rapariga, colocando os braços em torno do pescoço da loura, aproximando-as, “Mas os meus pais não fazem a mínima ideia, ia destroça-los”
“Pronto, já percebi que ainda não estás preparada, não faz mal”, sussurrou-lhe Susana ao ouvido, passando-lhe a mão pelas costas, de modo a tranquiliza-la, “Quando contares e se alguma coisa correr mal lembra-te que não estás sozinha, eu estou ao teu lado aconteça o que acontecer”
Daniela deixou-se simplesmente ficar abraçada pela outra, naquele momento não queria pensar no futuro. O som da água a ferver lembrou-a do jantar que estava a preparar. Rapidamente o acabou de cozinhar enquanto a loura se sentava e ambas comeram. As coisas pareciam normais, pelo menos não voltaram a tocar no assunto. Essa foi a primeira noite em que pôde dormir com Susana sentindo-se perfeitamente em paz, como se nada no mundo a pudesse atingir naquele momento.