domingo, 27 de março de 2011

Capítulo 15

(Vá láaa...nem que seja um "Vai masé apanhar uvas")

“Hm Dani…”, Susana acordou depois do que aparentava ter sido um sono longo e profundo. Sentia-se bem como não se sentia havia já algum tempo, completa, realizada…enfim, feliz. Ao tentar virar-se na cama, de modo a ficar de lado, sentiu uma dor forte na coxa, lembrando-a da condição em que estava. Esboçando uma expressão de dor, conseguiu, por fim, posicionar-se, colocando o braço sobre o que julgava ser outro corpo. Quando não sentiu nada além de um espaço vazio, uma sensação de pânico irrompeu-lhe do peito.
“Oh meu Deus, só espero não ter feito nada que a tenha feito arrepender-se”, pensou ela, fechando os olhos. A situação era uma para a qual nada por que tivesse passado antes a tinha preparado. Todo o seu historial se resumia a uma relação complicada mas duradoura de três anos e aventuras de uma noite, com raparigas que nunca mais tornara a ver. Nunca antes tinha sentido a responsabilidade de ter de dar o seu melhor para que a outra pessoa tivesse uma primeira experiência agradável.
Arrastou-se o melhor que pôde e alcançou o telemóvel que se encontrava na mesa-de-cabeceira. Ligou-o, com as mãos a tremerem de ansiedade, apenas para o voltar a pousar ao pé de si. Tinha tanto receio de que a namorada lhe dissesse que aquilo tinha sido um erro, que elas eram um erro…Respirou fundo, mas nem assim se viu com coragem para falar com Daniela.
A sua avó entrou no quarto, trazendo o jantar. Susana não pôde evitar sentir-se frustrada ao observar a expressão pesarosa da senhora ao caminhar carregada com o peso do tabuleiro e não a puder ajudar.
“Aqui tens a comida”, declarou a idosa, mantendo a boa disposição apesar do esforço que fazia, “Dormiste bem, Suse?”
“Sim, avó”, limitou-se a loura a responder, o tom abatido com que pronunciou aquelas simples palavras não passou despercebido aos ouvidos da avó, “Gostou do teatro?”
“Foi engraçado, foi…”, respondeu a senhora, sentando-se na cama, perto da neta, sentindo-se preocupada, “Depois do que me parece que se passou esta tarde não acredito que tenhas motivos para estares tão triste”
Qualquer outra pessoa ter-se-ia sentido pouco à vontade com aquele comentário, mas tendo em conta que Susana nunca escondeu à avó a sua orientação sexual nem o facto de namorar, nem pestanejou. Quando teve a primeira experiência com a primeira namorada, a idosa foi a primeira a saber, quando começaram a ter problemas na relação, virou-se imediatamente para a senhora para desabafar. Resumindo, a loura sabia que podia contar com a avó para os bons e maus momentos. Como tal, não foi de admirar que nem tivesse hesitado em partilhar com a senhora o que a preocupava.
“Fui a primeira dela…”, confessou Susana, num sussurro pouco audível, “Não sei se lidei bem com a situação, mas quando acordei e vi que a Dani não estava aqui…”
“Quanto a isso não te preocupes, fui eu que a acordei porque já era tarde”, assegurou a idosa, passando a mão enrugada pela face da jovem preocupada, “Mas espera…foste a primeira rapariga com quem esteve?”
“Primeira pessoa…”, respondeu a loura, agora menos aflita, pelo menos sabia que a namorada não tinha ido embora por se ter sentido mal, ainda assim receava que a rapariga não tivesse gostado ou que achasse que podia ter melhor com rapazes.
“Oh, estou a ver…”, disse a senhora, arregalando os olhos, visivelmente surpreendida, “Pelo que pude reparar, ela parecia feliz quando acordou”
“Espero que sim”, suspirou a loura, sentindo-se como se tivesse tirado um grande peso de cima, não havia nada mais que desejasse naquele momento do que ouvir Daniela garantir-lhe que lhe tinha conseguido proporcionar um bem bocado, “Tenho medo que se repita o que se passou com a Mónica”
A avó estremeceu de raiva ao ouvir aquele nome. Quem observasse as duas naquele momento facilmente perceberia de quem a jovem tinha herdado a sua faceta protectora. Para a idosa uma das recordações que mais a torturava lembrar era, sem sombra de dúvida, o quanto a neta sofreu quando a namorada a traiu. De certa forma nunca tinha ido com a cara de Mónica, não suportava a má educação da rapariga nem os seus modos pretensiosos. Desagrado virou ódio quando a dita traiu Susana. Cada vez que recordava o dia em que a neta chegou a casa completamente lívida e se lhe desfez em lágrimas nos braços…
“Isso não vai acontecer”, apressou-se a avó a dizer, afagando os cabelos dourados de Susana, “A Dani parece ser muito melhor rapariga que essa, tenho a certeza que seria incapaz de te enganar”
“Nesse aspecto ela é impecável”, continuou a loura, sorrindo levemente, “Só tenho medo de que a primeira vez dela tenha sido uma desilusão ou de a ter magoado…”
“Confio que tenhas sabido fazê-lo com cuidado, disso não duvido”, disse a senhora, de modo a consolar a rapariga.
“A longo prazo tenha medo que ache que possa ter melhor com um homem do que comigo”, admitiu Susana, com uma expressão sombria, “Como aconteceu com a Mónica”
“Oh Suse…”, reconfortou a avó, passando-lhe os dedos pelo couro cabeludo, “Pelo que já falei com ela, a Dani não liga muito a sexos, no fundo acha mais importante a pessoa em si. E acredita que ela gosta de ti a sério”
“Obrigada avó”, disse a loura honestamente. Apesar da imagem que se esforçava por transmitir, o que se passou com a ex tinha-lhe abalado severamente a confiança. Decidiu que no dia seguinte falaria com Daniela, mas por enquanto não queria ficar sozinha, entregue às suas preocupações, “Podia ficar só mais um bocadinho? Só até eu adormecer”
A idosa acedeu ao pedido, ficando a brincar com o ondulado dos cabelos da jovem, daquela maneira que sempre a tinha acalmado. Quando a loura finalmente adormeceu, a avó despediu-se desta com um beijo na testa.
A meio da noite, Susana acordou sobressaltada, a ponto de se encontrar suada, o que não era nada normal visto que estava sob o efeito de inúmeros comprimidos. Virou-se com demasiada brusquidão, magoando a perna ainda em recuperação. Com um esgar de dor conseguiu colocar-se de modo a ficar de novo confortável. Fechando os olhos tentou recordar-se com que é que tinha estado a sonhar…só se lembrava de fragmentos e imagens paradas mas, com uma dor forte no peito, constatou que tinha sonhado com Mónica.
Já tinha prometido a si própria que não voltaria sequer a tocar naquelas memórias, a sua ex não merecia nem ficar na memória, quanto mais permanecer como uma. Mas naquele momento não conseguiu evitar recordar tudo quanto se tinha passado, desde o dia em que conheceu Mónica até aos dias em que tinha que se tinha que cruzar com esta e com o namorado da mesma. Talvez recordar lhe fosse fazer bem, depois de tanto tempo…
Ignorando o aperto aflitivo que começava a sentir, pensou no dia em que se tinha conhecido. Tinha sido a caminho da escola e era o primeiro dia de ambas no secundário, tinham quinze anos. Susana estava atrasada e dobrou uma esquina a correr, sem ter o cuidado de ver se estava alguém do outro lado, indo chocar com uma rapariga, que se desequilibrou e caiu, ficando com as coisas todas espalhadas no chão. Os seus bons modos não a deixaram continuar o seu caminho sem ajudar a pessoa, portanto apanhou os livros e estendeu a mão para ajudar a rapariga a levantar-se. No momento em que os seus olhares se cruzaram, o mundo de Susana mudou.
No dia seguinte, voltaram a passar uma pela outra, trocando um sorriso. Logo após ter sorrido, a loura desviou o olhar, sentindo uma sensação estranha no estômago. Os sorrisos continuaram durante uns tempos, até que Mónica veio falar pessoalmente com Susana. Deram-se imediatamente bem, falando sempre, evoluindo até boas amigas. Por vezes encontravam-se, embora quase sempre em casa de Mónica, visto que a loura tinha uma certa vergonha das condições pouco exuberantes, em comparação com a outra, em que vivia.
O aperto aumentou para o dobro, no momento em que Susana relembrou os acontecimentos seguintes. Mónica tinha-a convidado para ir lá a casa e a loura aceitou prontamente, como era seu hábito. Na altura já se tinha apercebido que sentia algo forte pela outra, tendo já pensado em contar-lhe, mas faltava coragem. Como nesse dia estava bastante calor, combinaram que dariam um mergulho na piscina de casa da outra.
A primeira parte decorreu com normalidade, limitaram-se a conversar e a nadar um pouco, tudo estava casual até ao momento em que Susana mergulhou, emergindo pertíssimo de Mónica, encurralando esta entre o seu corpo e a parede da piscina. Colocou os braços na borda, em torno do corpo da outra, de modo a aproximar-se e, simplesmente não se conseguiu conter. Mónica estava tão bonita, com o cabelo molhado e gotas de água a deslizarem-lhe pela face. Beijou-a. Tão ternamente como conseguia, apesar de nunca ter feito isso antes. Uns momentos depois, afastou-se, assustada com a ideia de ter feito algo errado. A outra limitou-se a sorrir e a assegurar-lhe que estava tudo bem, antes de lhe pegar na cara e prolongar o beijo. Foi esse o dia em que começaram a namorar.
Se recordar os acontecimentos até aqui estava a magoar Susana, então os seguintes seriam excruciantemente dolorosos. Um ano decorreu com normalidade, a loura estava cada vez mais apaixonada por Mónica, mesmo tendo já sido alertada por amigos de que esta não era de todo uma pessoa sincera. No dia em que comemoraram um ano, decidiram encontrar-se para celebrar. Susana levou uma rosa vermelha, pois sabia que era a flor preferida de Mónica, bem como a sua. Foram para o quarto, de modo a poderem namorar à vontade. Desta vez parecia diferente, o ambiente estava mais erótico, cada toque desencadeava uma série de reacções em ambas.
Mónica não se coibiu de colocar uma mão no peito de Susana e de empurrar esta até a cama, mantendo sempre contacto visual. Quando os joelhos da loura tocaram na borda da cama, esta deixou-se cair para trás, ficando deitada. A outra sentou-se-lhe em cima, beijando-a intensamente. Susana sentiu uma ponta de nervosismo atravessar-lhe o corpo mas estava com Mónica, sabia que a outra nada faria para a magoar.
Mónica não perdeu tempo, tinha a loura mesmo onde queria. Continuou o prolongado beijo, desta vez, passando-lhe a mão pelo peito, apertando ao de leve. Susana estremeceu devido ao contacto súbito, o que deu à outra a ideia de que não estava à vontade. Mónica parou, pois pensou que esse seria o desejo de Susana, quando esta a segurou, puxando-a mais para si, retomando o que estavam a fazer. A outra, visivelmente agradada pela tomada de iniciativa por parte da loura, colocou-lhe a mão por baixo da camisola, acariciando-lhe o peito directamente, o que fez com que a rapariga por baixo de si gemesse.
Susana posicionou-se de modo a facilitar a Mónica a tarefa de lhe tirar a camisola, deixando que a outra fizesse o que bem lhe apetecesse. Esta beijou-lhe o pescoço, deixando um chupão de modo a “marcar território”, continuando a descer. Durante todo este tempo, as mãos da loura contornaram cada centímetro do corpo da outra, parando na cintura desta, apenas para lhe puxar a camisola. Mónica não se deteve muito tempo, começou-lhe a puxar as calças, até que as conseguiu tirar com alguma facilidade. Quando ia a fazer o mesmo à roupa interior desta, Susana deteve-a. A outra olhou para a loura, com um ar de espanto/aborrecimento.
A loura, com um suspiro, admitiu que era virgem, apenas não queria desapontar a namorada. Mónica se se importou, disfarçou muito bem, pois limitou-se a sorrir e a prometer a Susana que teria cuidado. Os acontecimentos seguintes encontravam-se nublados ou fragmentados na mente da loura. Apenas conseguia recordar de sentir o peso do corpo quente de Mónica em contacto contra o seu, enquanto esta lhe murmurava palavras e promessas que nunca chegaria a cumprir ao ouvido. Se na altura tivera mesmo intenção de as cumprir, nunca saberia, mas no momento tinha-a conseguido fazer sentir verdadeiramente a pessoa mais especial.
Por esta altura, Susana tinha uma lágrima a escorrer-lhe pela face. Finalmente permitira-se pensar sobre o que se tinha passado, só não julgou vir a sentir-se tão mal. Parte de si sentiu-se culpada por ter provocado aquela dor própria da primeira vez a Daniela. Engolindo um soluço prosseguiu com as recordações…onde ia? Ah sim, o segundo ano decorreu normalmente, foi a continuação de um conto de fadas perfeito. Estavam juntas bastantes vezes, até porque eram da mesma escola. A loura não se fartava da companhia da outra, quando muito não conseguia evitar sentir-se cada vez mais apaixonada. Ora encontravam-se em casa de Mónica, onde ficavam a ver um filme e a trocar miminhos, ora iam ao centro comercial ou à praia. Susana detestava compras mas adorava a companhia de Mónica.
Só no terceiro ano é que as coisas começaram a deteriorar-se. Por sua vez Susana estava certa de ter encontrado a mulher da sua vida. Já Mónica parecia estar a distanciar-se. Preferia passar tempo com amigos, nunca querendo que a loura estivesse presente. Quando estavam juntas era quase sempre para partilharem momentos íntimos. Até a maneira como Mónica a tratava era diferente, estava fria e facilmente irritável. Cada vez que a loura propunha apenas saírem, era recusada e cada vez que perguntava se se passava algo, a outra limitava-se a negar. Susana tentava ser o mais querida e paciente possível mas nada conseguia, desejando apenas que fosse uma fase.
A última e final memória magoou Susana mais do que todas as outras juntas, se a loura já tinha diversas lágrimas a caírem-lhe pelo rosto, não foi nada que se comparasse ao que viria a seguir. Um dia cansou-se de ficar sempre em segundo plano na vida da namorada, portanto decidiu fazer-lhe uma surpresa e levar uma rosa vermelha, idêntica à que lhe tinha dado quando fizeram um ano. Ao chegar a casa de Mónica começou a hesitar, não tinha a certeza se a outra, no estado em que tinha andado nos últimos tempos, iria gostar. Quando alcançou a estrada viu algo que congelou a entranhas mais ínfimas do seu corpo. Mónica estava agarrada a um rapaz, beijando-o intensamente. Já vira o miúdo em algum lado…conhecia-o de vista, andava na mesma escola. E estava com a sua namorada. Custou-lhe tanto ver como Mónica se entregava daquela maneira a alguém que não ela.
Só se lembrou de ouvir o grito esganiçado da namorada, um grito que nos tempos que correm ainda lhe ecoa nos ouvidos, paralisando-a, e de correr para longe. Não soube quanto tempo correu, mas quando deu em si, estava num parque, sem conseguir respirar e com dores, mas nada disso importava. Pouco tempo depois, Mónica apareceu, visivelmente cansada, mas não dizia nada para além de “desculpa, não queria que tivesse sido assim”. Susana não se lembrou do que lhe disse, estava demasiado perturbada para conseguir sequer chorar. Gostaria de o ter feito mas estava demasiado sufocada. Acabou com Mónica, embora parte dela quisesse abraçá-la e esquecer que aquilo aconteceu…amava-a a esse ponto.
Voltou para casa, nem sabendo como se orientou até lá, simplesmente não fazia ideia do que a rodeava, nem lhe interessava. A sua avó perguntou-lhe o que se passou e porque é que estava com aquela cara. Foi nesse momento que Susana não aguentou mais, caiu aos pés da idosa, chorando até mais não. Os meses que se seguiram foram infernais, mesmo quando não via a ex namorada, era como se se encontrasse permanentemente na presença desta, via-a mesmo quando ela não estava por perto. Mas quando a via então não conseguia aguentar, chorava baba e ranho e nem tinha problemas com quem a via naquele estado. O que só era intensificado pelo facto de Mónica não se coibir de demonstrar afecto para com o namorado à frente da loura.
A vida de Susana resumia-a a casa e escola, não falava com ninguém, já nem se conseguia alimentar em condições, perdendo bastante peso. A situação só se alterou quando Guida a obrigou à força toda a ir sair a um bar gay, onde Susana não se sentiria deslocada, certificando-se que a loura consumia bastante álcool. Foi nessa noite que se envolveu com uma desconhecida e percebeu que estava a tornar-se uma concha do que anteriormente era e isso não podia permitir.
Talvez fosse ao jeito de “vingança”, talvez fosse só para se sentir desejada, ou talvez fosse só para se divertir, mas o certo foi que depois daquela noite, seguiram-se muitas iguais. Uma rapariga, duas, talvez um grupo por noite…Susana não sabia ao certo quantas já lhe tinham passado pelas mãos. O importante era que não estava um caco. De certa forma nunca tinha largado essa atitude, agora que pensava nisso. Então o que mudara quando conheceu Daniela? Se bem se lembrava, tinha começado como não mais que uma aposta. Como é que se tornara mais? Não soube bem como responder à pergunta, provavelmente o facto de a rapariga ter tido uma atitude oposta à das outras que conhecera, juntamente com os acontecimentos daquela noite, que despertaram interesse de Susana.
Não sabia…a única certeza que tinha era o facto de se ter sentido verdadeiramente feliz pela primeira vez junto da morena. Era quanto lhe bastava. No dia seguinte falar-lhe-ia sem falta, por muito medo que tivesse. Foi com esta decisão que voltou a adormecer, desta vez dormindo o sono dos justos.

sábado, 19 de março de 2011

Capítulo 14

[Por favor, deixem um comentário só para eu saber se estou no bom caminho *.*]

Daniela foi acordada com a mão de alguém a abaná-la gentilmente num ombro. Abriu os olhos a algum custo, ficando um tanto alarmada quando não reconheceu o local onde estava. Quando o baque das recordações das horas anteriores a atingiu, sentiu-se…nem sabia como definir a sensação, não sabia se deveria estar feliz ou neutra. Talvez ainda não se tivesse mentalizado do que realmente aconteceu, esperaria mais um pouco para pôr as ideias em ordem. Levantou-se e viu que quem a acordara foi a avó de Susana, o que não a ajudou a sentir-se menos constrangida.
“Acorda, filha”, continuou a idosa, “Os teus pais vão-se chatear se chegares tarde a casa”
“Peço desculpa…”, lamentou-se a morena, por a senhora a ter visto naqueles preparos.
“Oh não tem importância”, reconfortou a avó, sorrindo afavelmente, “Convém que te despaches”
A rapariga não precisou que lhe dissessem duas vezes, acenou afirmativamente com a cabeça e esperou que a senhora fosse embora, para se vestir. Aproximou-se de um espelho e compôs-se, tendo o cuidado de não deixar o mínimo vestígio. Só então se despediu de Susana, ainda adormecida, com um beijo nos lábios e um abraço à idosa. Dirigiu-se ao carro e partiu em direcção a casa, até que se lembrou que tinha que notificar Pedro dos acontecimentos. Consultou as horas e viu que ainda estava na margem de tolerância dos pais, ainda tinha um par de horas até ao jantar. Parou o carro diante de um jardim que àquela hora estava vazio e sentou-se num banco. Ainda ponderou esperar para contar pessoalmente a Pedro, mas decidiu que a reacção não devia ser a melhor, daí optar por chamada. Rapidamente lhe ligou e levou o aparelho ao ouvido, mordendo o lábio inferior de ansiedade.
“Boa tarde Love!”, cumprimentou Pedro, sempre com a melhor das disposições. Daniela respirou fundo, pois sabia que esta disposição não iria durar muito tempo.
“Boa tarde, lindo”, respondeu ela, “Olha, hoje aconteceu algo…”
“O quê?!”, entusiasmou-se ele, “Acabaste com aquela porca?”
“Não, continuamos e estamos bem, para tua informação”, prosseguiu a morena, revirando os olhos, “Hoje fui a casa dela, como tenho ido sempre, ajudei-a a tomar banho…”
“Oh pena…”, interrompeu ele, amuado, “O quê?! Eu bem te disse, a gaja é puta, uma oferecida de merda que só quer dar umas voltas contigo”
“Hoje deu uma volta, por acaso”, disse Daniela, por fim, o essencial estava dito, agora era só esperar que a informação assentasse e que as artérias de Pedro aguentassem.
“Ela…ela o quê?! Caralho! Eu não acredito que tu foste foder com uma vadia qualquer!”, gritou ele, no tom mais colérico que a rapariga alguma vez lhe tinha ouvido.
“Calma, sim fui para a cama com ela”, continuou a morena, ignorando o ataque do rapaz, “Sim, é uma pena que seja gaja, sim, é uma pena que não seja rica, mas não, não me arrependo”
“Ai…a tua primeira vez…a tua primeira vez foi com uma gaja, isso tem algum jeito?!”, blasfemou ele, “Tu tens a certeza que não te vais arrepender disso? Quer dizer, cometeste o maior erro da tua vida ao não teres aproveitado o Tomás…”
“Tu mesmo o disseste, o género não importa desde que eu esteja feliz e o Tomás foi uma situação diferente…”, respondeu a rapariga, já exasperada, “A Susana tratou-me bem e teve cuidado, isso não chega?”
“Pronto, lá há de ter o seu valor…”, disse Pedro, já mais calmo, “Não penses que lá por eu não aprovar a bicha não quero pormenores!”
A meia hora seguinte foi passada a descrever os pormenores mais gráficos e menos agradáveis do sucedido. Daniela estava satisfeita por ver que, como sempre fora e sempre será, Pedro não conseguia ficar chateado muito tempo, era só ignorar a reacção inicial. A morena deu especial cuidado em realçar os aspectos mais adoráveis, de modo a tentar fazer com que Susana ficasse mais bem vista aos olhos do rapaz.
“Ok, ela no fundo, muito lá no fundo, até que é um nadinha boa pessoa”, admitia ele, já a ficar sem argumentos para não gostar da loura, “Não importa, ainda é pobre”
“Oh, nem comento”, disse a morena, revirando os olhos novamente.
Deram a conversa por terminada pouco depois e Daniela fez-se ao caminho. Ainda tinha que estar a horas em casa e quanto menos justificações tivesse que dar, melhor.

quarta-feira, 16 de março de 2011

DEIXE UM COMENTÁRIO E FAÇA UMA CRIANÇA FELIZ

É bom saber que a história tem estado relativamente popular nos últimos tempos, a julgar pelas vistas, significa que o nosso trabalho está a começar a ganhar força para gatinhar (ainda não posso dizer andar) :)

Ainda assim, seria muito encorajador saber a recepção que está a ter, se positiva, se negativa. Até porque uma crítica construtiva ou um elogio são sempre bem-vindos, e este último é a melhor recompensa que um escritor pode ter. Portanto, quem estiver de passagem por estas bandas, por favor deixe um comentário. Vai ver que não custa nada e faria o meu dia *-*

Críticas são sempre bem-vindas, desde que construtivas e elogios são apreciados ;)

A Santa

domingo, 13 de março de 2011

Capítulo 13


O acidente de Susana resultou numa alteração de rotina no dia-a-dia de Daniela. Agora esta ia, diariamente, a casa da outra depois de almoço, para ajudar em tudo quanto a loura e a idosa precisassem. Verdade seja dita, tê-lo-ia feito por qualquer pessoa de bom grado, visto que gostava do sentimento de utilidade que lhe proporcionava. No entanto, sempre tivera uma certa sensibilidade para com gente idosa, estas pessoas instigavam-lhe a piedade e a vontade de ajudar, sobretudo se estivessem doentes, o que era o caso. E claro, tinha ainda muito que compensar à namorada, tinha esperança que tudo isto servisse para fazer com que o que se passou no Sumol caísse no esquecimento, ou pelo menos no perdão.
Apesar de fazer o que fazia com gosto, a morena estava a ficar um tanto desgastada. Felizmente para si, a loura estava a melhorar a olhos vistos. Com ajuda já podia caminhar pequenas distancias e as costelas já estavam praticamente saradas. O que mais deixava a rapariga orgulhosa da outra era a maneira de esta ter encarado a situação, sempre com um sorriso e sem se deixar abater por ter que ficar um mês no inactivo.
Após almoço, Daniela dirigiu-se para casa de Susana. De forma a facilitar, deram-lhe uma cópia da chave, desta forma, não precisava de tocar à campainha e obrigar a idosa a deslocar-se mais do que o necessário. Entrou e pôde verificar que a loura estava a dormir ainda, embora o barulho proveniente da cozinha indicasse onde estava a avó. Foi para lá que a morena se encaminhou, tendo o cuidado de não assustar a senhora. Esta, como sempre, cumprimentou-a com a maior das gentilezas, perguntando se queria comer alguma coisa. A rapariga recusou educadamente e, após ter feito alguma conversa de circunstância, perguntou se era necessário fazer qualquer coisa por casa, dado que a loura ainda estava adormecida.
“Já foste às compras outro dia, filha”, disse, muito hesitantemente, “Não tenho lata para te pedir isto…”
“Já sabe que pode contar comigo para o que der e vier”, propôs-se a morena, sorrindo encorajadoramente, “Ora diga lá”
“Eu gostaria de ir ali a um teatro local com umas amigas e só deve acabar tarde…”, continuou a senhora, brincando nervosamente com as mãos, “Será que hoje podias ficar até mais tarde?”
“Com certeza, afinal também precisa de sair e desanuviar”, respondeu Daniela, sorrindo ainda mais abertamente. Não podia negar que a ideia de passar um tempo a sós com Susana lhe agradava muito.
“Dás conta do recado sozinha, Dani?”, perguntou, uma última vez. Após ter obtido a confirmação da jovem, saiu de casa. Não tinha sido necessário boleia nem nada do género, o recinto era a uma distancia mínima dali.
Daniela sorriu para si e ligou a televisão enquanto esperava que a loura acordasse. Para bem da sua paciência não demorou muito, chamando pela avó. Se o sorriso da morena era grande, então o da outra era ainda maior, ao ter visto a namorada já em casa. A rapariga sentou-se na borda da cama, beijando a loura, com um pouco mais intensidade que o costume, apenas para se afastar instantes depois.
“Então, bé?”, questionou Susana com o seu irresistível beicinho.
“Epa, cheiras assim menos bem, a cair para mal”, respondeu Daniela, torcendo o nariz, “E nem no teu estado me podes chamar isso”
“Era mesmo isso que te ia pedir, bé”, sugeriu a loura, com o sorriso travesso característico, “Dá-me uma ajuda com o banho”
A rapariga engoliu em seco perante a ideia e foi a fazer das tripas coração que a algum custo concordou. Dirigiu-se para a casa de banho, ficando um bocado a estudar o mecanismo da idade da pedra da banheira. Doseou a temperatura da água e, enquanto esperou que a banheira enchesse, foi chamar a outra. Esta já se tinha conseguido sentar e aguardava pela morena. Esta colocou o braço de Susana em cima dos ombros e ajudou-a a ir até à casa e banho.
“A partir daqui consegues tratar disto sozinha?”, perguntou Daniela, ainda vermelha do esforço.
“A ideia era ajudares-me a tomar banho, ainda estou fraquinha”, respondeu a loura, sorrindo mais do que parecia possível.
A morena viu-se sem opção. A ideia de ter que ver a outra integralmente nua estava a deixa-la muito pouco à vontade. Respirou fundo e aproximou-se da outra, puxando-lhe a t-shirt larga por cima da cabeça, tentando não olhar. Dizem que a curiosidade matou o gato, esta expressão adequou-se bem à forma como Daniela se sentiu ao ter mesmo cedido à tentação de olhar. Diante de si estava Susana tal como veio ao mundo. A rapariga ficou boquiaberta, só agora é que a estava a ver realmente, muito melhor que na tenda. O acidente e tempo que a loura teve que passar deitada nada contribuíram para lhe retirar um pouco que fosse de perfeição.
“Acordaa”, brincou Susana, estalando os dedos em frente da cara da morena.
“Quê? Ah desculpa…”, disse a rapariga, corando por ter sido apanhada especada a olhar.
A outra limitou-se a rir e a fazer um comentário do tipo “estás a gostar do que vês”, conseguindo com que a morena corasse ainda mais. A morena ajudou-a a sentar-se na banheira, tentando não ficar com a mente toldada devido à sensação de estar em contacto com o corpo quente e nu da loura.
“Está boa a água?”, perguntou, antes de fazer o que quer que fosse.
“Está óptima”, murmurou Susana, fechando os olhos enquanto Daniela lhe molhava o cabelo, “Devias tirar a camisola antes que te molhes”
A morena assim o fez, ficando apenas com o soutien a cobrir-lhe o peito. A loura sorriu-lhe e posicionou-se de modo a ficar confortável, enquanto a rapariga lhe lavava o cabelo, levando o seu tempo a passar-lhe os dedos no couro cabeludo. A outra fechou os olhos, saboreando a sensação. Depois, Daniela pegou na lagarta do duche, regulando aquilo para que fizesse pouca pressão e retirou a espuma, com cuidado para que não caísse sobre os olhos da loura. Tinha chegado a altura de lhe passar a esponja pelo corpo.
“Posso?”, pediu a rapariga, colocando gel de banho na esponja.
“Faça favor”, respondeu a outra, de novo com o sorriso travesso.
Daniela nem precisou que lhe dissesse duas vezes, demonstrou o mínimo entusiasmo possível, embora secretamente estivesse ansiosa por o que viria a seguir. Passou a esponja primeiro pelas costas de Susana, ensaboando-as. Ainda lhe ocorreu passar para o peito, mas queria deixar o melhor para o fim, decidindo-se antes pelos braços. Não conseguiu esperar mais, pediu à loura que se recostasse e passou-lhe a esponja pelo peito, demorando-se e certificando-se que não ficava nem um bocadinho por tocar. Talvez devido a toda a atenção dada pela rapariga a essa parte, a outra soltou um gemido leve.
“Nem penses que te lavo o resto”, brincou Daniela, atirando a esponja para cima de Susana, “Já te trago outra t-shirt”
“Opa!”, lamentou-se a loura, “Logo agora, és mesmo má”
Mas a morena já tinha desaparecido, deixando-a a acabar de se lavar. A rapariga tirou da gaveta outra t-shirt larga e roupa interior, aproveitando também para mudar os lençóis à cama. Quando voltou à casa de banho, já a outra estava despachada. Ajudou-a a sair da banheira e a secar-se com a toalha. Para sua tortura teve, também, que a ajudar a vestir-se. Tal como tinham feito meia hora antes, a loura colocou o braço sobre os ombros da rapariga, que serviu de alicerce para que esta se pudesse voltar a deitar na cama.
“Obrigada, Dani”, disse Susana, ao deitar-se por cima dos lençóis, com os braços cruzados por baixo da cabeça, “Praticamente que nestes últimos tempos só pude contar contigo e com a minha avó”
“Não me agradeças, foi o mínimo que podia ter feito”, assegurou Daniela, acariciando a face da outra com a mão.
“A sério, puxaste-me para cima sempre que me senti a ir abaixo…”, continuou ela melancólica, roçando a cara na mão da rapariga, “…Foi bem mais do que o que algumas pessoas com quem eu costumava contar fizeram”
“Só tinha que te apoiar, antes de minha namorada, ainda és minha amiga”, disse a morena, sentando-se na cama ao lado da loura, “És uma pessoa esplêndida e sei que terias feito o mesmo por mim”
“A sério, tens sido impecável”, disse a outra, puxando a rapariga para o pé de si, “Fui tão idiota quando te dei o estaladão”
“Oh, foi bem merecido”, respondeu a morena, embaraçada, como ficava cada vez que se lembrava da situação perfeitamente evitável que tinha causado, “Tinhas-me feito tanto bem e fui desrespeitar-te daquela maneira”
“Deixa estar, tive que compreender, afinal tu gostaste mesmo dela”, disse Susana, com a voz a perder o tom, como se só o simples facto de pronunciar aquela frase a matasse interiormente, “Podes responder-me a esta pergunta com toda a honestidade?”
“Claro que sim”, assegurou Daniela, beijando a loura ao de leve nos lábios.
“Ainda pensas muito nela?”, questionou a outra, num sussurro quase inaudível, como se temesse a resposta. “Sê sincera, por favor”
“É claro que ainda penso nela, seria impossível não o fazer”, admitiu a morena, com um ar triste, que só piorou ao ver a expressão de dor na cara da loura. Passou-lhe a mão pelo rosto, contornando-lhe as feições até que lhe pousou o dedo sobre os lábios, “Mas pelo que já passei contigo, pela forma como me tens tratado e pela pessoa que és, acho que posso dizer que…”
“Que?”, encorajou a loura, com uma expressão magoada, ainda que esperançosa no rosto.
“…que te amo”, concluiu, finalmente, Daniela, a medo, mas olhando a outra nos olhos.
Susana ficou uns momentos sem reacção, ainda a tentar digerir cada palavra que a rapariga havia pronunciado.
“Também…também te amo”, disse a expressão de maior afecto e felicidade que a morena alguma vez tinha visto, “Amo-te tanto, Daniela”
A morena ficou a saborear a sensação por um momento, quase fora de si de alegria, sem puder acreditar nas palavras da outra. Simplesmente parecia-lhe bom demais, depois de tudo aquilo por que passaram. Sem mais demoras, beijou a loura. Devagar e gentil primeiro, mas quando sentiu a outra a puxá-la para cima de si, intensificou o beijo, mordendo-lhe o lábio inferior ao de leve. Quando deu por si estava sentada em cima de Susana, apoiando-se em cima das pernas, com as mãos nos ombros desta.
“Não te estou a fazer muito peso?”, perguntou preocupada, acabara de se lembrar das lesões da outra.
“Não te preocupes, estou bem”, assegurou a outra com um sorriso, voltando a beijar a rapariga com intensidade.
A morena inclinou-se, colocando as mãos que repousavam, previamente nos ombros da loura, sobre o peito desta, agarrando-lhe na camisola e beijando-lhe o pescoço. As coisas estavam a começar a aquecer e esta já sentia um certo nervosismo, ou talvez ansiedade. Começou a descer, deparando-se com a t-shirt de Susana. Não foram precisas palavras, a loura posiciona-se de modo a facilitar que a rapariga que tirasse a camisola. Esta fê-lo, embora um pouco relutante e com receio do que viria depois. A outra apercebe-se da hesitação da morena e segura-lhe a mão, impedindo-a de continuar.
“Espera, não tens dúvidas em relação a isto?”, questionou. A pergunta trouxera-lhe recordações da noite em que conhecera a rapariga, lembrando-a de uma noite que começara bem e acabara da pior maneira. Queria muito fazer aquilo, mas não se a sua namorada não estivesse completamente preparada.
“Acredita que quero muito isto mas…”, confessou Daniela, insegura e nervosa, “…mas nunca estive com ninguém antes, então com uma rapariga, não sei bem como o fazer”
“Tens a certeza que queres que seja eu a…”, perguntou, colocando ambas as mãos na cintura da rapariga, afagando-a, de modo a reconfortá-la. Não pensou que esta pudesse ser virgem, “…a tua primeira?”
“Não me ocorre pessoa mais acertada”, respondeu a morena, sorrindo. Naquele momento, quaisquer duvidas que pudesse ter tido, desvaneceram-se.
“Sinto-me especial por me teres escolhido”, continuou ela, com um sorriso embevecido, seria a primeira vez que seria a primeira de alguém, apesar de ter imenso medo de magoar a morena, “Vai correr tudo bem, prometo”
Esperou que a rapariga lhe desse permissão para prosseguir e beijou-a, de modo a assegurá-la que tencionava cumprir a promessa. Já em tronco nu, Susana deitou Daniela de costas na cama e deitou-se, a algum custo, por cima desta, a tentar não a incomodar com o seu peso. A morena colocou a cara da outra no seu pescoço, deixando que esta lho mordesse. Quando a loura atingiu um ponto mais sensível, a rapariga estremeceu, mas de prazer desta vez. A outra voltou a beijar a namorada, olhando-a nos olhos.
“Amo-te”, disse, num tom afogueado.
“Também…”, respondeu a morena, ainda perdida nas sensações.
Sorrindo uma última vez, Susana beijou-a, voltando abaixo. Colocou-lhe a mão por cima do soutien, acariciando-lhe o peito gentilmente, conseguindo um gemido ténue por parte de Daniela. Visto que a loura não se podia apoiar totalmente nas pernas, comprimia a rapariga com o seu peso. No entanto, a morena estava a adorar sentir o corpo quente da outra directamente em si. A rapariga passou-lhe as palmas das mãos pelas costas, sentindo-lhe os contornos e a suavidade da pele, que se encontrava suada devido ao calor e contacto. Por sua vez, Susana continuou a descer, beijando o peito de Daniela. Removeu-lhe o soutien com facilidade e beijou-lhe os mamilos, trincando muito ao de leve, apenas o suficiente para fazer com que a rapariga arqueasse as costas e estremecesse de prazer.
A morena gemeu novamente, ao sentir a outra descer ainda mais, agora beijando-lhe a barriga, quase sempre ao de leve, embora pudesse morder de vez em quando. Daniela entrelaçou os dedos nos cabelos da loura, incentivando-a a continuar, enquanto mordia o lábio inferior à medida que se deixava levar pelas sensações. Susana contornou-lhe o umbigo com a língua, colocando as mãos nas ancas da morena.
“Confias em mim?”, perguntou a loura, parando o que estava a fazer para olhar a rapariga nos olhos. Queria certificar-se que esta estava realmente pronta.
“Sim”, sussurrou Daniela, sem a menor ponta de hesitação. Naquele momento não havia nada que desejasse mais que aquilo.
Susana removeu a minissaia da rapariga, deixando-a apenas em cuecas. Esta respirou fundo, agarrando a colcha da cama com toda a sua força, antecipando já o que se seguiria. A loura reparou na ansiedade da morena e apertou-lhe a mão, de modo a assegurar-lhe que tudo estaria bem.
“Vou com calma, não tenhas medo”, garantiu a outra, com um sorriso.
Daniela descontraiu um pouco e colocou a mão que se encontrava previamente a agarrar a colcha, no ombro de Susana. Esta passou a mão por cima da roupa interior da outra, picando-a um pouco. Apenas continuou quando a morena, que parecia estar a gostar, lhe pediu por mais. Retirou-lhe lentamente as cuecas, para frustração da rapariga, que lhe cravou as unhas no ombro. De modo a deixar Daniela mais pronta para o que viria a seguir, Susana foi-lhe abaixo. Nada de muito demorado nem de espectacular, apenas o suficiente para fazer com que a morena gemesse de prazer e lhe espetasse as unhas nas costas com mais força do que já tinha feito até então.
Após se ter certificado que a rapariga estava preparada, a loura levou-lhe dois dedos à boca, pedindo-lhe que os humedecesse. Esta, assim o fez e, depois de assegurar à outra que podia continuar, fechou os olhos e preparou-se para sentir dor. A princípio não sentiu nada para além de um ligeiro desconforto, talvez porque Susana começou por um dedo e devagar. Quando acrescentou um segundo e foi mais fundo, Daniela não conseguiu impedir que um grito lhe escapasse da garganta. Grito esse que a loura prontamente abafou com um beijo, garantindo à morena que a dor iria passar. A rapariga correspondeu ao beijo, cravando as unhas ainda mais fundo. A outra continuou, embora um pouco hesitante e a dor também. Daniela já estava prestes a pedir para Susana parar, pois tinha chegado ao ponto de ter lágrimas a escorrerem-lhe pelo rosto. A loura, numa tentativa de a tranquilizar, beijou ternamente cada uma das lágrimas.
“Desculpa”, pediu Susana, sentindo-se culpada por estar a causar tanta dor à namorada.
Lentamente, a dor começou a perder a intensidade, a ponto de se tornar mais tolerável. A morena já não sentiu mais vontade de gritar e, aos poucos ia começando quase que a gostar. Instantes depois, após ter conseguido habituar-se, já arranhava as costas da outra, gemendo ao de leve à medida que a sensação de prazer aumentava. A loura, ao ver as reacções que estava a provocar na rapariga, continuou, desta vez já sem tanto cuidado, visto que ela própria estava, também, a perder o auto-controlo.
Susana, por sua vez, estava a achar a experiência algo de muito novo. Nunca antes tivera de ser tão perfeccionista, de modo a garantir o melhor para a outra pessoa e o facto de ter sentido a sua namorada a sofrer por baixo de si não a fez sentir-se melhor, sobretudo sabendo que era ela a causa das ditas dores. Daniela colocou uma perna em torno das costas da outra e beijou-a, agora completamente em êxtase. A dor tinha sido, realmente, substituída por prazer.
“Hm, Suse…amo-te”, gemeu Daniela, ao atingir o clímax. A reviravolta dos acontecimentos deixou-a louca. Cada vez arranhava mais as costas da loura.
“D-Dani…eu também”, respondeu Susana, perdendo qualquer tipo de coerência que pudesse ter tido, antes de cair profundamente adormecida, devido ao efeito dos medicamentos, em cima da morena. Esta levou o seu tempo a recuperar o fôlego, sentindo-se completamente exausta. Num último esforço, empurrou a outra de cima de si, com cuidado para não a magoar e puxou um cobertor por cima de ambas. Só então se deixou adormecer, aninhada na loura.