domingo, 25 de setembro de 2011

Capítulo 62

A sensação de algo suave em contacto com a sua face acordou Daniela do seu sono. Com um resmungo leve, lutou por abrir os olhos…aquela havia sido realmente uma boa noite de sono. Uma vez mais consciente, notou que aquele afagar macio na sua cara era proveniente da mão de Susana. Ia a adormecer de novo, quando enterrou a cara mais fundo no que pensava ser a almofada, o que lhe valeu uns risos por parte da outra. Quando se apercebeu de que o que julgava ser uma almofada era, na verdade, o peito da loura, a tonalidade da sua face passou do seu branco normal a vermelho Ferrari mais depressa que as luzes de um semáforo, o que lhe valeu uma erupção de risos mais notória por parte da outra.
“Pah, cala-te”, grunhiu a rapariga, voltando a deitar a cabeça sobre o peito de Susana, com uma expressão amuada, de brincadeira. Mantendo sempre o mesmo trejeito, foi desenhando formas invisíveis na pele da loura com a ponta do dedo, o que originou uma erupção de riso por parte desta, visto ter imensas cócegas nesse sítio.
“Pára!”, implorou a outra, contorcendo-se até conseguir que a morena a deixasse sossegada. Numa investida rápida, prendeu os pulsos a Daniela pró cima da cabeça desta, imobilizando-a, antes de a beijar e perguntar, “Dormiste bem?”
“Hm…tim”, respondeu a morena que, ao ver a posição em que se encontravam sorriu sugestivamente, “’Bora à segunda volta?”
Susana pareceu ponderar a hipótese por uns instantes até que, com um beicinho ligeiro, disse, “Bem que queria, mas tenho uma coisa para te propor primeiro”
A rapariga voltou a virá-las, até que se empoleirou sobre o peito da loura, aguardando que esta falasse. Quando viu que Daniela se encontrava bem instalada, a outra colocou as mãos na cintura desta, afagando-a, antes de continuar, “Já foste ao Hawai?”
“Sabes que destinos paradisíacos de praia nunca foram coisa que o meu pai gostasse”, replicou a morena, franzido o sobrolho, “Por isso não”
“Gostavas de ir?”, prosseguiu a outra, exibindo as covinhas em toda a sua glória.
“Susana Isabel dos Santos Marques”, enunciou a rapariga, de olhos tão arregalados que as sobrancelhas lhe desapareceram dentro do cabelo, “Estás a propor o que eu penso que estás a propor?”
Susana estremeceu, reacção habitual ao ouvir o seu nome completo, “Susana Isabel não…só por essa não te devia convidar”
“Então estás mesmo a falar a sério?”, repetiu Daniela, incrédula, “Mesmo a sério?”
“Sim!”, gritou a loura, fazendo a rapariga saltar de cima de si, “Assim lá para Junho…e não precisavas de ter saído de onde estavas!”
Dizer que a morena aceitou entusiasticamente seria a mesma coisa que dizer que o Grande Canyon era assim para o fundo. Não perdeu tempo a atirar-se para cima da outra, muito para regozijo desta. O ambiente estava a aquecer quando foram interrompidas pelo telemóvel de Susana. Chateada, atendeu, mal olhando para o remetente, “Ahm?!”
“Ah Rodrigo…o que é que eu estava a fazer? Bem, eu ia agora fazer o amor…”, respondeu a loura, como se da coisa mais natural do mundo se tratasse. Do outro lado ouviu-se um grito enojado, até que a outra lhe pôs fim, “É bom que tenhas motivos para me interromperes”
“Hm…sim…ESTÁS A GOZAR!”, bradou Susana, novamente, desta vez levantando-se com tanta rapidez que atirou com Daniela da cama abaixo, “Então eles…bem feita! Obrigada, adeus”
A morena levantou-se, esfregando as costas com uma expressão amuada, até que a outra a puxou para si e a abanou como uma boneca de trapo enquanto lhe dava a boa nova, “O Rodrigo acabou de me dizer que, de acordo com a investigação que fez, o dinheiro que os meus pais me gamaram não chegou para pagarem nem metade das dívidas e que acabaram por ir dentro na mesma!”
“Mas isso é óptimo! Não se ficaram a rir!”, sorriu a rapariga, pondo uma madeixa do cabelo da loura por trás da orelha cravejada de piercings desta.
“Ya…mas estou preocupada com os meus irmãos, sei que o Duarte já trabalha mas não sei como é que eles se vão aguentar”, disse Susana, cuja expressão ficara tristonha.
“Não te preocupes…hão de ficar bem, não têm culpa de nada”, assegurou Daniela, afagando a cara da outra.
“Espero que sim…”, suspirou a loura, antes de sorrir e beijar de novo a rapariga, provocantemente, “Onde é que nós ficámos?”
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Daniela deitou-se sobre o peito ofegante e reluzente de Susana, deixando que esta pusesse um braço em volta da sua cintura. Ficaram assim durante um período de tempo inestimável, até que a rapariga quebrou o silêncio, “Sabes…”
“Hm?”, sussurrou a loura, de olhos fechados, ainda esgotada.
“Posso não o dizer muitas vezes, não o mostrar muitas vezes, nem o pensar muitas vezes…”, disse a morena, com os olhos perdidos no vazio, “Mas amo-te”
“Parece que cumpriste mesmo a tua promessa”, afirmou Susana, sorrindo, agora de olhos abertos.
“Estes oito meses sem ti custaram”, continuou Daniela, olhando para o sitio onde o anel voltara no seu dedo, antes de voltar a sua atenção para a outra, “Qual promessa?”
“Aquela que me fizeste no Sumol”, clarificou a loura, sem medo de que a rapariga se tivesse esquecido e que ela, Susana, fosse fazer uma figura ridícula, não importava, desde que não ficasse por dizer.
“Oh, ainda te lembras”, enterneceu-se a morena, abraçando a outra, que correspondeu, “Que querida…como é que eu poderia não ter cumprido”

2 comentários:

  1. LINDO !
    Estás a conseguir incorporar muitos pormenores e isso é mesmo muito bom! Adorei :)
    E isto anda a soar-me familiar :b
    Uma viajante dos blogues :) *

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