quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Capíitulo 55

Requisitado pela viajante, os acontecimentos daquela noite, challenge accepted :C

“Não vamos ficar a ver”, repetiu Daniela, mais para se convencer a si própria, mesmo que o fraquejo da voz a denunciasse um pouco. Se a racionalidade das demais ocupantes da tenda não estivesse demasiado toldada pelo álcool, o desconforto da rapariga não passaria despercebido, “Anda cá”
Marta fez como lhe foi dito, não demorando a aproximar-se da morena, que deitou um último olhar de relance à outra. Ainda ia a tempo de impedir aquilo, só tinha que virar a cara. Era mesmo aquilo que queria fazer? Não era. Mas, ao olhar para Susana, vendo-a beijar o pescoço de Guida sofregamente, que gemeu de prazer, decidiu-se. Pondo todo o seu constrangimento de parte, encurtou a distância entre si e Marta. Beijou-a, mesmo que a garra nas entranhas apertasse cada vez mais. Até que ponto conseguiria levar aquilo para a frente? O gemido indiscreto da própria Susana, muito conhecido seu, foi o incentivo que funcionou como um fósforo na gasolina, “Se tu me magoas, eu pago da mesma moeda”
Num ápice, Daniela largou a posição passiva. Se a seu lado a outra despia a camisola a Guida, ainda que atabalhoadamente e arrancando alguns botões entretanto, a morena fazia o mesmo. Às tantas, era como se tivesse abandonado o seu corpo e outra pessoa lhe tivesse tomado conta das rédeas, não estava lá, tudo o que fazia parecia-lhe mecânico, sensaborão. Tanto quanto podia observar e bem que podia ter certezas, conhecia bem a loura, esta não deixou de desfrutar de cada pequeno gesto que fazia e cada centímetro de pele da amiga que explorava. Por sua vez, gemendo de dor, ainda que não física, a rapariga dirigiu a sua atenção para Marta, esta parecia regozijada com toda aquela situação, lançando olhares deliciada à namorada, no outro lado.
Dando tudo por tudo para não mostrar o quanto toda aquela situação a afectava, foi descendo no corpo da ruiva, imitando maquinalmente tudo o que costumava fazer com a namorada, os mesmos toques, as mesmas carícias, o que mudava era o que as instigava, nem vontade de sentir, ela própria algum prazer, não passava de sede de vingança. E nada mais. Serviram para o efeito, Marta parecia satisfeita, a seu ver, o que serviu para lhe apaziguar o tormento interior em parte, não gostava de se aproveitar de ninguém, pelo menos conseguira proporcionar um bom bocado.
Agora chegara a sua vez de receber. Deitando-se de costas, voltou a assumir a sua passividade, permitindo que a amiga o fizesse como entendesse. Suspirando, desligou-se tanto quanto podia das sensações, se não fosse Susana a pessoa a quem se entregava, não era, de forma alguma, a mesma coisa, não parecia certo. Durante o que lhe pareceu uma eternidade, sentiu o corpo quente de Marta comprimir o seu, até poderia ser agradável, se a sensação não lhe parecesse tão profana. A curiosidade falou mais alto, impedindo-a de se abster de virar a cabeça para o que se desenrolava a seu lado.
Susana estava ainda em cima de Guida, ambas já despidas, com a pele brilhante, afogueadas. A amiga ia abaixo à loura, que arquejava as costas e gemia de forma desinibida, vocalizando todo o prazer que sentia. À medida que se aproximava do seu ponto máximo de êxtase, ia agarrando tufos do cabelo de Guida, começando a perder o controlo. Quando, por fim, atingiu o clímax, com um ruído abafado, puxou a amiga para si, beijando-a com tudo o que tinha. Conseguiria Guida proporcionar-lhe maior prazer que a rapariga? Quando Susana voltou a abrir os olhos, ainda com uma expressão de satisfação estampada neles, encarou directamente Daniela. Nem esta soube identificar aquela expressão, parecia nem se aperceber de onde estava nem quem era a pessoa para quem olhava.
Já era demais. Engolindo o aperto que entretanto se formara na garganta e que não parecia fazer tenções de ir embora tão cedo, a morena dirigiu-lhe o olhar mais gélido que conseguiu, sem grande esforço e fingiu delirar com cada pequena coisa que a amiga lhe fazia, gemendo sempre que apropriado, mordendo o lábio inferior e arranhando as costas da outra, tal como fazia quando estava com a loura. Não se coibindo de sorrir de forma satisfeita e presunçosa, imitando todos os maneirismos, sem excepção, que faria ao atingir o orgasmo, antes de se retirar Marta de cima de si. Mantendo sempre a compostura calma e ligeiramente fria que a caracterizava, vestiu-se. De forma a sair da melhor maneira, voltou a beijar Marta diante de Susana. O último sorriso que dirigiu à namorada fora um que não ostentava qualquer vestígio de felicidade ou diversão, mas sim maldoso.
Aquela expressão mantivera-se até chegar à tenda de Pedro, onde pôde, finalmente, remover a máscara que estivera a usar todo aquele tempo. Não respondendo às perguntas alarmadas do amigo, foi na presença deste que se permitira a, pela primeira vez naquela noite, mostrar como se sentia verdadeiramente. Pela primeira vez em muito tempo, deixou-se finalmente chorar. Agarrada ao rapaz, em busca de conforto.

2 comentários:

  1. Eu sabia que por muito que a Daniela tentasse entrar no "jogo" e alinhar com tudo, não se ia sentir bem. Foi abaixo, finalmente, quando saiu de todo aquele momento em que apenas se magoou e pouco ou nada sentiu.
    Exactamente o que eu esperava. :)
    Agora quero quais vão ser as consequências de tudo isto.
    Espero para ver.
    Uma viajante dos blogues :) *

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