sábado, 19 de março de 2011

Capítulo 14

[Por favor, deixem um comentário só para eu saber se estou no bom caminho *.*]

Daniela foi acordada com a mão de alguém a abaná-la gentilmente num ombro. Abriu os olhos a algum custo, ficando um tanto alarmada quando não reconheceu o local onde estava. Quando o baque das recordações das horas anteriores a atingiu, sentiu-se…nem sabia como definir a sensação, não sabia se deveria estar feliz ou neutra. Talvez ainda não se tivesse mentalizado do que realmente aconteceu, esperaria mais um pouco para pôr as ideias em ordem. Levantou-se e viu que quem a acordara foi a avó de Susana, o que não a ajudou a sentir-se menos constrangida.
“Acorda, filha”, continuou a idosa, “Os teus pais vão-se chatear se chegares tarde a casa”
“Peço desculpa…”, lamentou-se a morena, por a senhora a ter visto naqueles preparos.
“Oh não tem importância”, reconfortou a avó, sorrindo afavelmente, “Convém que te despaches”
A rapariga não precisou que lhe dissessem duas vezes, acenou afirmativamente com a cabeça e esperou que a senhora fosse embora, para se vestir. Aproximou-se de um espelho e compôs-se, tendo o cuidado de não deixar o mínimo vestígio. Só então se despediu de Susana, ainda adormecida, com um beijo nos lábios e um abraço à idosa. Dirigiu-se ao carro e partiu em direcção a casa, até que se lembrou que tinha que notificar Pedro dos acontecimentos. Consultou as horas e viu que ainda estava na margem de tolerância dos pais, ainda tinha um par de horas até ao jantar. Parou o carro diante de um jardim que àquela hora estava vazio e sentou-se num banco. Ainda ponderou esperar para contar pessoalmente a Pedro, mas decidiu que a reacção não devia ser a melhor, daí optar por chamada. Rapidamente lhe ligou e levou o aparelho ao ouvido, mordendo o lábio inferior de ansiedade.
“Boa tarde Love!”, cumprimentou Pedro, sempre com a melhor das disposições. Daniela respirou fundo, pois sabia que esta disposição não iria durar muito tempo.
“Boa tarde, lindo”, respondeu ela, “Olha, hoje aconteceu algo…”
“O quê?!”, entusiasmou-se ele, “Acabaste com aquela porca?”
“Não, continuamos e estamos bem, para tua informação”, prosseguiu a morena, revirando os olhos, “Hoje fui a casa dela, como tenho ido sempre, ajudei-a a tomar banho…”
“Oh pena…”, interrompeu ele, amuado, “O quê?! Eu bem te disse, a gaja é puta, uma oferecida de merda que só quer dar umas voltas contigo”
“Hoje deu uma volta, por acaso”, disse Daniela, por fim, o essencial estava dito, agora era só esperar que a informação assentasse e que as artérias de Pedro aguentassem.
“Ela…ela o quê?! Caralho! Eu não acredito que tu foste foder com uma vadia qualquer!”, gritou ele, no tom mais colérico que a rapariga alguma vez lhe tinha ouvido.
“Calma, sim fui para a cama com ela”, continuou a morena, ignorando o ataque do rapaz, “Sim, é uma pena que seja gaja, sim, é uma pena que não seja rica, mas não, não me arrependo”
“Ai…a tua primeira vez…a tua primeira vez foi com uma gaja, isso tem algum jeito?!”, blasfemou ele, “Tu tens a certeza que não te vais arrepender disso? Quer dizer, cometeste o maior erro da tua vida ao não teres aproveitado o Tomás…”
“Tu mesmo o disseste, o género não importa desde que eu esteja feliz e o Tomás foi uma situação diferente…”, respondeu a rapariga, já exasperada, “A Susana tratou-me bem e teve cuidado, isso não chega?”
“Pronto, lá há de ter o seu valor…”, disse Pedro, já mais calmo, “Não penses que lá por eu não aprovar a bicha não quero pormenores!”
A meia hora seguinte foi passada a descrever os pormenores mais gráficos e menos agradáveis do sucedido. Daniela estava satisfeita por ver que, como sempre fora e sempre será, Pedro não conseguia ficar chateado muito tempo, era só ignorar a reacção inicial. A morena deu especial cuidado em realçar os aspectos mais adoráveis, de modo a tentar fazer com que Susana ficasse mais bem vista aos olhos do rapaz.
“Ok, ela no fundo, muito lá no fundo, até que é um nadinha boa pessoa”, admitia ele, já a ficar sem argumentos para não gostar da loura, “Não importa, ainda é pobre”
“Oh, nem comento”, disse a morena, revirando os olhos novamente.
Deram a conversa por terminada pouco depois e Daniela fez-se ao caminho. Ainda tinha que estar a horas em casa e quanto menos justificações tivesse que dar, melhor.

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