domingo, 13 de março de 2011

Capítulo 13


O acidente de Susana resultou numa alteração de rotina no dia-a-dia de Daniela. Agora esta ia, diariamente, a casa da outra depois de almoço, para ajudar em tudo quanto a loura e a idosa precisassem. Verdade seja dita, tê-lo-ia feito por qualquer pessoa de bom grado, visto que gostava do sentimento de utilidade que lhe proporcionava. No entanto, sempre tivera uma certa sensibilidade para com gente idosa, estas pessoas instigavam-lhe a piedade e a vontade de ajudar, sobretudo se estivessem doentes, o que era o caso. E claro, tinha ainda muito que compensar à namorada, tinha esperança que tudo isto servisse para fazer com que o que se passou no Sumol caísse no esquecimento, ou pelo menos no perdão.
Apesar de fazer o que fazia com gosto, a morena estava a ficar um tanto desgastada. Felizmente para si, a loura estava a melhorar a olhos vistos. Com ajuda já podia caminhar pequenas distancias e as costelas já estavam praticamente saradas. O que mais deixava a rapariga orgulhosa da outra era a maneira de esta ter encarado a situação, sempre com um sorriso e sem se deixar abater por ter que ficar um mês no inactivo.
Após almoço, Daniela dirigiu-se para casa de Susana. De forma a facilitar, deram-lhe uma cópia da chave, desta forma, não precisava de tocar à campainha e obrigar a idosa a deslocar-se mais do que o necessário. Entrou e pôde verificar que a loura estava a dormir ainda, embora o barulho proveniente da cozinha indicasse onde estava a avó. Foi para lá que a morena se encaminhou, tendo o cuidado de não assustar a senhora. Esta, como sempre, cumprimentou-a com a maior das gentilezas, perguntando se queria comer alguma coisa. A rapariga recusou educadamente e, após ter feito alguma conversa de circunstância, perguntou se era necessário fazer qualquer coisa por casa, dado que a loura ainda estava adormecida.
“Já foste às compras outro dia, filha”, disse, muito hesitantemente, “Não tenho lata para te pedir isto…”
“Já sabe que pode contar comigo para o que der e vier”, propôs-se a morena, sorrindo encorajadoramente, “Ora diga lá”
“Eu gostaria de ir ali a um teatro local com umas amigas e só deve acabar tarde…”, continuou a senhora, brincando nervosamente com as mãos, “Será que hoje podias ficar até mais tarde?”
“Com certeza, afinal também precisa de sair e desanuviar”, respondeu Daniela, sorrindo ainda mais abertamente. Não podia negar que a ideia de passar um tempo a sós com Susana lhe agradava muito.
“Dás conta do recado sozinha, Dani?”, perguntou, uma última vez. Após ter obtido a confirmação da jovem, saiu de casa. Não tinha sido necessário boleia nem nada do género, o recinto era a uma distancia mínima dali.
Daniela sorriu para si e ligou a televisão enquanto esperava que a loura acordasse. Para bem da sua paciência não demorou muito, chamando pela avó. Se o sorriso da morena era grande, então o da outra era ainda maior, ao ter visto a namorada já em casa. A rapariga sentou-se na borda da cama, beijando a loura, com um pouco mais intensidade que o costume, apenas para se afastar instantes depois.
“Então, bé?”, questionou Susana com o seu irresistível beicinho.
“Epa, cheiras assim menos bem, a cair para mal”, respondeu Daniela, torcendo o nariz, “E nem no teu estado me podes chamar isso”
“Era mesmo isso que te ia pedir, bé”, sugeriu a loura, com o sorriso travesso característico, “Dá-me uma ajuda com o banho”
A rapariga engoliu em seco perante a ideia e foi a fazer das tripas coração que a algum custo concordou. Dirigiu-se para a casa de banho, ficando um bocado a estudar o mecanismo da idade da pedra da banheira. Doseou a temperatura da água e, enquanto esperou que a banheira enchesse, foi chamar a outra. Esta já se tinha conseguido sentar e aguardava pela morena. Esta colocou o braço de Susana em cima dos ombros e ajudou-a a ir até à casa e banho.
“A partir daqui consegues tratar disto sozinha?”, perguntou Daniela, ainda vermelha do esforço.
“A ideia era ajudares-me a tomar banho, ainda estou fraquinha”, respondeu a loura, sorrindo mais do que parecia possível.
A morena viu-se sem opção. A ideia de ter que ver a outra integralmente nua estava a deixa-la muito pouco à vontade. Respirou fundo e aproximou-se da outra, puxando-lhe a t-shirt larga por cima da cabeça, tentando não olhar. Dizem que a curiosidade matou o gato, esta expressão adequou-se bem à forma como Daniela se sentiu ao ter mesmo cedido à tentação de olhar. Diante de si estava Susana tal como veio ao mundo. A rapariga ficou boquiaberta, só agora é que a estava a ver realmente, muito melhor que na tenda. O acidente e tempo que a loura teve que passar deitada nada contribuíram para lhe retirar um pouco que fosse de perfeição.
“Acordaa”, brincou Susana, estalando os dedos em frente da cara da morena.
“Quê? Ah desculpa…”, disse a rapariga, corando por ter sido apanhada especada a olhar.
A outra limitou-se a rir e a fazer um comentário do tipo “estás a gostar do que vês”, conseguindo com que a morena corasse ainda mais. A morena ajudou-a a sentar-se na banheira, tentando não ficar com a mente toldada devido à sensação de estar em contacto com o corpo quente e nu da loura.
“Está boa a água?”, perguntou, antes de fazer o que quer que fosse.
“Está óptima”, murmurou Susana, fechando os olhos enquanto Daniela lhe molhava o cabelo, “Devias tirar a camisola antes que te molhes”
A morena assim o fez, ficando apenas com o soutien a cobrir-lhe o peito. A loura sorriu-lhe e posicionou-se de modo a ficar confortável, enquanto a rapariga lhe lavava o cabelo, levando o seu tempo a passar-lhe os dedos no couro cabeludo. A outra fechou os olhos, saboreando a sensação. Depois, Daniela pegou na lagarta do duche, regulando aquilo para que fizesse pouca pressão e retirou a espuma, com cuidado para que não caísse sobre os olhos da loura. Tinha chegado a altura de lhe passar a esponja pelo corpo.
“Posso?”, pediu a rapariga, colocando gel de banho na esponja.
“Faça favor”, respondeu a outra, de novo com o sorriso travesso.
Daniela nem precisou que lhe dissesse duas vezes, demonstrou o mínimo entusiasmo possível, embora secretamente estivesse ansiosa por o que viria a seguir. Passou a esponja primeiro pelas costas de Susana, ensaboando-as. Ainda lhe ocorreu passar para o peito, mas queria deixar o melhor para o fim, decidindo-se antes pelos braços. Não conseguiu esperar mais, pediu à loura que se recostasse e passou-lhe a esponja pelo peito, demorando-se e certificando-se que não ficava nem um bocadinho por tocar. Talvez devido a toda a atenção dada pela rapariga a essa parte, a outra soltou um gemido leve.
“Nem penses que te lavo o resto”, brincou Daniela, atirando a esponja para cima de Susana, “Já te trago outra t-shirt”
“Opa!”, lamentou-se a loura, “Logo agora, és mesmo má”
Mas a morena já tinha desaparecido, deixando-a a acabar de se lavar. A rapariga tirou da gaveta outra t-shirt larga e roupa interior, aproveitando também para mudar os lençóis à cama. Quando voltou à casa de banho, já a outra estava despachada. Ajudou-a a sair da banheira e a secar-se com a toalha. Para sua tortura teve, também, que a ajudar a vestir-se. Tal como tinham feito meia hora antes, a loura colocou o braço sobre os ombros da rapariga, que serviu de alicerce para que esta se pudesse voltar a deitar na cama.
“Obrigada, Dani”, disse Susana, ao deitar-se por cima dos lençóis, com os braços cruzados por baixo da cabeça, “Praticamente que nestes últimos tempos só pude contar contigo e com a minha avó”
“Não me agradeças, foi o mínimo que podia ter feito”, assegurou Daniela, acariciando a face da outra com a mão.
“A sério, puxaste-me para cima sempre que me senti a ir abaixo…”, continuou ela melancólica, roçando a cara na mão da rapariga, “…Foi bem mais do que o que algumas pessoas com quem eu costumava contar fizeram”
“Só tinha que te apoiar, antes de minha namorada, ainda és minha amiga”, disse a morena, sentando-se na cama ao lado da loura, “És uma pessoa esplêndida e sei que terias feito o mesmo por mim”
“A sério, tens sido impecável”, disse a outra, puxando a rapariga para o pé de si, “Fui tão idiota quando te dei o estaladão”
“Oh, foi bem merecido”, respondeu a morena, embaraçada, como ficava cada vez que se lembrava da situação perfeitamente evitável que tinha causado, “Tinhas-me feito tanto bem e fui desrespeitar-te daquela maneira”
“Deixa estar, tive que compreender, afinal tu gostaste mesmo dela”, disse Susana, com a voz a perder o tom, como se só o simples facto de pronunciar aquela frase a matasse interiormente, “Podes responder-me a esta pergunta com toda a honestidade?”
“Claro que sim”, assegurou Daniela, beijando a loura ao de leve nos lábios.
“Ainda pensas muito nela?”, questionou a outra, num sussurro quase inaudível, como se temesse a resposta. “Sê sincera, por favor”
“É claro que ainda penso nela, seria impossível não o fazer”, admitiu a morena, com um ar triste, que só piorou ao ver a expressão de dor na cara da loura. Passou-lhe a mão pelo rosto, contornando-lhe as feições até que lhe pousou o dedo sobre os lábios, “Mas pelo que já passei contigo, pela forma como me tens tratado e pela pessoa que és, acho que posso dizer que…”
“Que?”, encorajou a loura, com uma expressão magoada, ainda que esperançosa no rosto.
“…que te amo”, concluiu, finalmente, Daniela, a medo, mas olhando a outra nos olhos.
Susana ficou uns momentos sem reacção, ainda a tentar digerir cada palavra que a rapariga havia pronunciado.
“Também…também te amo”, disse a expressão de maior afecto e felicidade que a morena alguma vez tinha visto, “Amo-te tanto, Daniela”
A morena ficou a saborear a sensação por um momento, quase fora de si de alegria, sem puder acreditar nas palavras da outra. Simplesmente parecia-lhe bom demais, depois de tudo aquilo por que passaram. Sem mais demoras, beijou a loura. Devagar e gentil primeiro, mas quando sentiu a outra a puxá-la para cima de si, intensificou o beijo, mordendo-lhe o lábio inferior ao de leve. Quando deu por si estava sentada em cima de Susana, apoiando-se em cima das pernas, com as mãos nos ombros desta.
“Não te estou a fazer muito peso?”, perguntou preocupada, acabara de se lembrar das lesões da outra.
“Não te preocupes, estou bem”, assegurou a outra com um sorriso, voltando a beijar a rapariga com intensidade.
A morena inclinou-se, colocando as mãos que repousavam, previamente nos ombros da loura, sobre o peito desta, agarrando-lhe na camisola e beijando-lhe o pescoço. As coisas estavam a começar a aquecer e esta já sentia um certo nervosismo, ou talvez ansiedade. Começou a descer, deparando-se com a t-shirt de Susana. Não foram precisas palavras, a loura posiciona-se de modo a facilitar que a rapariga que tirasse a camisola. Esta fê-lo, embora um pouco relutante e com receio do que viria depois. A outra apercebe-se da hesitação da morena e segura-lhe a mão, impedindo-a de continuar.
“Espera, não tens dúvidas em relação a isto?”, questionou. A pergunta trouxera-lhe recordações da noite em que conhecera a rapariga, lembrando-a de uma noite que começara bem e acabara da pior maneira. Queria muito fazer aquilo, mas não se a sua namorada não estivesse completamente preparada.
“Acredita que quero muito isto mas…”, confessou Daniela, insegura e nervosa, “…mas nunca estive com ninguém antes, então com uma rapariga, não sei bem como o fazer”
“Tens a certeza que queres que seja eu a…”, perguntou, colocando ambas as mãos na cintura da rapariga, afagando-a, de modo a reconfortá-la. Não pensou que esta pudesse ser virgem, “…a tua primeira?”
“Não me ocorre pessoa mais acertada”, respondeu a morena, sorrindo. Naquele momento, quaisquer duvidas que pudesse ter tido, desvaneceram-se.
“Sinto-me especial por me teres escolhido”, continuou ela, com um sorriso embevecido, seria a primeira vez que seria a primeira de alguém, apesar de ter imenso medo de magoar a morena, “Vai correr tudo bem, prometo”
Esperou que a rapariga lhe desse permissão para prosseguir e beijou-a, de modo a assegurá-la que tencionava cumprir a promessa. Já em tronco nu, Susana deitou Daniela de costas na cama e deitou-se, a algum custo, por cima desta, a tentar não a incomodar com o seu peso. A morena colocou a cara da outra no seu pescoço, deixando que esta lho mordesse. Quando a loura atingiu um ponto mais sensível, a rapariga estremeceu, mas de prazer desta vez. A outra voltou a beijar a namorada, olhando-a nos olhos.
“Amo-te”, disse, num tom afogueado.
“Também…”, respondeu a morena, ainda perdida nas sensações.
Sorrindo uma última vez, Susana beijou-a, voltando abaixo. Colocou-lhe a mão por cima do soutien, acariciando-lhe o peito gentilmente, conseguindo um gemido ténue por parte de Daniela. Visto que a loura não se podia apoiar totalmente nas pernas, comprimia a rapariga com o seu peso. No entanto, a morena estava a adorar sentir o corpo quente da outra directamente em si. A rapariga passou-lhe as palmas das mãos pelas costas, sentindo-lhe os contornos e a suavidade da pele, que se encontrava suada devido ao calor e contacto. Por sua vez, Susana continuou a descer, beijando o peito de Daniela. Removeu-lhe o soutien com facilidade e beijou-lhe os mamilos, trincando muito ao de leve, apenas o suficiente para fazer com que a rapariga arqueasse as costas e estremecesse de prazer.
A morena gemeu novamente, ao sentir a outra descer ainda mais, agora beijando-lhe a barriga, quase sempre ao de leve, embora pudesse morder de vez em quando. Daniela entrelaçou os dedos nos cabelos da loura, incentivando-a a continuar, enquanto mordia o lábio inferior à medida que se deixava levar pelas sensações. Susana contornou-lhe o umbigo com a língua, colocando as mãos nas ancas da morena.
“Confias em mim?”, perguntou a loura, parando o que estava a fazer para olhar a rapariga nos olhos. Queria certificar-se que esta estava realmente pronta.
“Sim”, sussurrou Daniela, sem a menor ponta de hesitação. Naquele momento não havia nada que desejasse mais que aquilo.
Susana removeu a minissaia da rapariga, deixando-a apenas em cuecas. Esta respirou fundo, agarrando a colcha da cama com toda a sua força, antecipando já o que se seguiria. A loura reparou na ansiedade da morena e apertou-lhe a mão, de modo a assegurar-lhe que tudo estaria bem.
“Vou com calma, não tenhas medo”, garantiu a outra, com um sorriso.
Daniela descontraiu um pouco e colocou a mão que se encontrava previamente a agarrar a colcha, no ombro de Susana. Esta passou a mão por cima da roupa interior da outra, picando-a um pouco. Apenas continuou quando a morena, que parecia estar a gostar, lhe pediu por mais. Retirou-lhe lentamente as cuecas, para frustração da rapariga, que lhe cravou as unhas no ombro. De modo a deixar Daniela mais pronta para o que viria a seguir, Susana foi-lhe abaixo. Nada de muito demorado nem de espectacular, apenas o suficiente para fazer com que a morena gemesse de prazer e lhe espetasse as unhas nas costas com mais força do que já tinha feito até então.
Após se ter certificado que a rapariga estava preparada, a loura levou-lhe dois dedos à boca, pedindo-lhe que os humedecesse. Esta, assim o fez e, depois de assegurar à outra que podia continuar, fechou os olhos e preparou-se para sentir dor. A princípio não sentiu nada para além de um ligeiro desconforto, talvez porque Susana começou por um dedo e devagar. Quando acrescentou um segundo e foi mais fundo, Daniela não conseguiu impedir que um grito lhe escapasse da garganta. Grito esse que a loura prontamente abafou com um beijo, garantindo à morena que a dor iria passar. A rapariga correspondeu ao beijo, cravando as unhas ainda mais fundo. A outra continuou, embora um pouco hesitante e a dor também. Daniela já estava prestes a pedir para Susana parar, pois tinha chegado ao ponto de ter lágrimas a escorrerem-lhe pelo rosto. A loura, numa tentativa de a tranquilizar, beijou ternamente cada uma das lágrimas.
“Desculpa”, pediu Susana, sentindo-se culpada por estar a causar tanta dor à namorada.
Lentamente, a dor começou a perder a intensidade, a ponto de se tornar mais tolerável. A morena já não sentiu mais vontade de gritar e, aos poucos ia começando quase que a gostar. Instantes depois, após ter conseguido habituar-se, já arranhava as costas da outra, gemendo ao de leve à medida que a sensação de prazer aumentava. A loura, ao ver as reacções que estava a provocar na rapariga, continuou, desta vez já sem tanto cuidado, visto que ela própria estava, também, a perder o auto-controlo.
Susana, por sua vez, estava a achar a experiência algo de muito novo. Nunca antes tivera de ser tão perfeccionista, de modo a garantir o melhor para a outra pessoa e o facto de ter sentido a sua namorada a sofrer por baixo de si não a fez sentir-se melhor, sobretudo sabendo que era ela a causa das ditas dores. Daniela colocou uma perna em torno das costas da outra e beijou-a, agora completamente em êxtase. A dor tinha sido, realmente, substituída por prazer.
“Hm, Suse…amo-te”, gemeu Daniela, ao atingir o clímax. A reviravolta dos acontecimentos deixou-a louca. Cada vez arranhava mais as costas da loura.
“D-Dani…eu também”, respondeu Susana, perdendo qualquer tipo de coerência que pudesse ter tido, antes de cair profundamente adormecida, devido ao efeito dos medicamentos, em cima da morena. Esta levou o seu tempo a recuperar o fôlego, sentindo-se completamente exausta. Num último esforço, empurrou a outra de cima de si, com cuidado para não a magoar e puxou um cobertor por cima de ambas. Só então se deixou adormecer, aninhada na loura.

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