Susana acordou com um sorriso no rosto e uma sensação de tranquilidade no peito. Verificou que a rapariga que se encontrava aninhada no seu peito ainda dormia e, por muito que acordasse naquelas condições, o ar de inocência e serenidade desta era algo que nunca deixaria de a enternecer. Abraçou a morena mais para junto de si e deixou-se ficar, desejando que nada nem ninguém perturbasse o estado perfeito em que estavam, que pudessem ficar apenas assim mais tempo. Não cabia em si de felicidade por finalmente ter podido assentar, sobretudo com alguém que correspondia a todos os seus padrões em todos os aspectos.
Claro que o que ouviu da conversa entre a namorada e o amigo a magoava bastante, ainda não desistira de ter uma conversa séria com esta sobre isso. Afinal, a ideia de que Daniela poderia arranjar pelo menos duas pessoas, uma delas um rapaz, que seriam melhor partido, era excruciantemente dolorosa. Gostava tanto dela que a ideia de a perder por não lhe conseguir dar melhor a matava por dentro. Apertou a rapariga um pouco mais fortemente, como se procurando conforto.
“Hm Suse…já acordada?”, perguntou Daniela ainda de olhos fechados e sem levantar a cabeça do peito da loura.
“Desculpa se te acordei”, limitou-se a responder a outra, enquanto afagava as costas da morena. A ausência de “nomes fofinhos” indicava que não estava com a melhor das disposições.
A rapariga ergueu-se, apoiada pelo cotovelo e beijou a namorada. Quando esta mal lhe correspondeu, confirmou as suas suspeitas. O que era estranho, tendo em conta que na noite anterior não lhe tinha sido nada difícil acalmá-la e levá-la para a cama. Afastou-se e, sempre apoiada no cotovelo, apenas com o lençol a impedir que estivesse como quando veio ao mundo, perguntou à loura o que se passava.
Susana permaneceu deitada de costas e, mantendo sempre o olhar fixo no tecto, murmurou, de forma quase inaudível que estivera a pensar no que ouvira no dia anterior. Daniela pegou-lhe no queixo e obrigou-a a olhar directamente para si, “A que conclusão chegaste?”
“Acredita que estou feliz por te conseguir fazer feliz”, respondeu a outra, com uma expressão que aparentava ser de melancolia com um misto de contentamento, “Mas se o melhor para ti for a tal Sofia ou o Tomás, eu…”
“Não te atrevas a dizer isso”, interrompeu a rapariga, colocando-lhe um dedo nos lábios, “Esses dois estão mais do que no passado, como já disse, eles dois juntos não fazem metade de ti”
Ao lembrar-se da forma como a namorada a defendeu, a loura sorriu, apenas para ser arrebatada por outra onda de insegurança, “O que ganho chega para me sustentar e à minha avó mas pouco mais…”
“Ao contrário do que aquele panhonha pensa, tenho o meu dinheiro e sustento-me, não preciso que o faças”, disse Daniela enquanto lhe passava a mão pelo rosto, acariciando-o suavemente, “Nisso tenho um grande respeito por ti, trabalhas para o que tens e mereces tudo o que conseguiste, eu nunca fiz nada e foi-me tudo dado pelos meus pais…és realmente algo…”
Tendo em conta que a rapariga sempre desejara alguém com mais posses, o seu respeito pelas condições da outra era uma conquista e tanto. Susana sorriu abertamente pela primeira vez naquele dia e roçou a cara na mão da morena, enquanto esperava que esta prosseguisse.
“Isso e apaixonei-me foi por ti…”, continuou Daniela, aquele tipo de conversa não era algo que a deixasse confortável nem à vontade, mas era necessário, “não há nada a fazer e eu abdico bem das minhas fantasias…não podia estar melhor, acredita”
A loura puxou a rapariga para cima de si, beijando-a com todo o sentimento que nutria por ela. A morena correspondeu, simplesmente deixando-se levar. Ao sentir as mãos da outra no seu corpo, percebeu para onde as coisas estavam a ir. Segurou as mãos de Susana por cima da cabeça desta e disse-lhe que esperasse um pouco enquanto se despachava, mais tarde continuavam, beijou-a rapidamente e dirigiu-se para o duche.
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